“…Em suma, ao pensar relações entre sistemas de conhecimento, não podemos negligenciar questões filosóficas complexas quanto a possibilidades e limitações no diálogo entre eles. No contexto das relações entre conhecimentos indígenas/campesinos/locais e conhecimentos acadêmicos, Ludwig e El-Hani (2020) identificam quatro desafios: um desafio epistemológico, decorrente do fato de que comunidades indígenas/campesinas/locais e cientistas acadêmicos usam métodos distintos para produzir e validar conhecimentos (ver, e.g., Wilson, 2008;Kovach, 2009;Marlor, 2010;Chilisa, 2012); um desafio ontológico, associado às diferentes molduras metafísicas que utilizam para compreender a experiência e pensar a realidade (ver, e.g., Kohn, 2013;Hutchison, 2014;Ellen, 2016;Ludwig, 2018); um desafio ético, uma vez que esses compromissos epistêmicos e ontológicos se encontram sempre entrelaçados com distintos sistemas de valor (ver, e.g., Anderson, 1996;Wolverton, Figueroa, & Swentzell, 2016); e, por fim, mas não menos importante, um desafio político, dado que atores sociais que são detentores de sistemas distintos de conhecimento tipicamente se encontram em posições com poder desigual para defender suas perspectivas epistemológicas, ontológicas e éticas, o que ocorre não somente em conflitos sociopolíticos mas também em práticas colaborativas (Nadasdy, 1999(Nadasdy, , 2003(Nadasdy, , 2005Ludwig, 2016).…”