Em estreita ligação, por um lado, aos imperativos de transição ligados às mudanças globais e, por outro, aos jogos de atores que se recompõem nos territórios, a construção da qualidade territorial encontra-se hoje num ponto de viragem. A “cesta de bens” deve agora ser analisada à luz de dinâmicas relacionais complexas, em apoio à invenção e mobilização de várias formas de inteligência coletiva que revelam diferentes relações com os recursos. Partimos da hipótese de que a inteligência coletiva desempenha um papel fundamental nas trajetórias das cestas de bens, ao possibilitar compreender e orientar o processo de emergência e valorização dos recursos, não mais somente em uma lógica econômica, mas em uma lógica de especificação via solidariedades sociais e ecológicas. A análise qualitativa e comparativa de dois coletivos na França demonstra que a inteligência coletiva influencia a emergência e sustentabilidade da cesta de bens em três níveis: na construção de novas formas de qualidades territoriais e rendas associadas, na redefinição das relações com os seres vivos e na capacidade de agir nos territórios. A este respeito, as dinâmicas relacionais, cognitivas e territoriais são fortes alavancas para a necessária transformação dos sistemas alimentares no sentido da sustentabilidade.