As línguas, inevitavelmente, refletem as influências dos elementos sócio-históricos, geográficos e culturais que estão relacionados à história dos seus falantes. O léxico, portanto, é o lugar onde são percebidas essas influências e marcadas as definições identitárias, como é o caso do Brasil e principalmente do português brasileiro (doravante PB), nascido do contato entre europeus, indígenas e africanos. Nesse sentido, podemos notar, ainda hoje, os empréstimos lexicais advindos das línguas indígenas e africanas, além da língua dos imigrantes, e que enriqueceram a língua portuguesa em solo brasileiro. Assim, neste artigo, com base nos princípios da Lexicologia e no corpus retirado da edição semidiplomática do documento Plano Sobre a Civilização dos Índios do Brasil, investigou-se a contribuição indígena no repertório lexical utilizado pelo autor do documento, o militar Domingos Muniz Barreto, de forma a analisar a influência indígena no português brasileiro do século XVIII, a instauração de uma ortografia para palavras indígenas e o vocabulário indígena utilizado nos capítulos “Índios Mansos e Índios Bravos”, do mesmo documento. A metodologia baseou-se em Queiroz (2012). Concluiu-se que o repertório lexical de Domingos e o uso do vocabulárioindígena revelam as pistas para uma gramaticização das línguas indígenas, através da grafia em língua portuguesa, e que isso favoreceu a incorporação das mesmas no próprio PB.