ResumoRosa Virgínia Mattos Silva representa, na segunda metade do século XX, um pensamento vivo e instigante sobre a história social linguística do Brasil. Neste texto, homenageio esta eminente linguista, discutindo cinco das suas principais proposições sobre o tema, a saber: 1) A história linguística do Brasil não se restringe à história da língua portuguesa no Brasil, nem à história do português brasileiro. 2) O português brasileiro emerge em contexto multilíngue: o contato linguístico é, pois, elemento constitutivo da sua formação. 3) Na cena linguística do Brasil colonial, destacam-se três atores principais: o português europeu, as línguas gerais indígenas e o português geral brasileiro. 4) Africanos e afrodescendentes foram os principais difusores da língua portuguesa no Brasil e os principais formatadores do português brasileiro em sua variante social majoritária -o português popular brasileiro. 5) O passado sócio-histórico-linguístico do Brasil deverá ser interpretado para a compreensão do português brasileiro «heterogêneo e variável, plural e polarizado» da atualidade. Palabras chave AbstractIn the second half of the twentieth century, Rosa Virgínia Mattos e Silva represented acute and provocative thinking concerning the linguistic social history of Brazil. In this paper, I pay homage to this eminent linguist, discussing five of her key proposals on the subject, namely: 1) The linguistic history of Brazil is not restricted to the history of the Portuguese language in Brazil, or the history of Brazilian Portuguese. 2) Brazilian Portuguese emerged in a multilingual context: language contact is therefore a constitutive element in its development. 3) On the linguistic stage of colonial Brazil, three principal actors stand out: European Portuguese, the indigenous linguas francas (línguas gerais) and general Brazilian Portuguese. 4) Africans and Afro-descendants were the major disseminators of the Portuguese language in Brazil and the key «formatters» (formatadores) of Brazilian Portuguese in its main social variety -popular Brazilian Portuguese. 5) The socio-historical and linguistic past of Brazil must be interpreted in order to understand the «variable, heterogeneous, plural and polarized» Brazilian Portuguese of today.
Dedico este trabalho aos meus queridos, com muito amor: mamãe Catarina, irmã Sílvia, cunhada Márcia, esposo Paulo Lôbo e meus lobinhos Alice, Guilherme e Fernando. v AGRADECIMENTOS Ao Senhor Jesus, Meu Deus e Salvador, por me amar mesmo sendo tão falha... quantas conversas, conselhos, consolos e proteções!!! Obrigada por me possibilitar essa conquista por meio do: Suporte Familiar À minha amada mamãe Catarina Naves, por ser um exemplo em sua viuvez tão precoce e por me amar e ser um exemplo de sabedoria. Ao meu amado esposo Paulo Lôbo, pelo amor e suporte com as crianças/casa nos momentos de dedicação aos meus estudos. À minha prole de lobinhos: Alice (12 anos), Guilherme (9 anos) e Fernando (7 anos), pelo carinho e compreensão, quando não podia sair ou precisava de silêncio para estudar. Deixo o meu exemplo de perseverança e disciplina no alcance dos objetivos. À minha irmã e amiga Sílvia Naves, por seu apoio e ombro amigo nas horas de desânimo. À minha cunhada e amiga Márcia Lôbo, por levar meus filhos aos compromissos e passeios enquanto estudava. Suporte Acadêmico À minha estimada orientadora Denise Fleith, por ensinar e corrigir meus erros com o objetivo de aprimorar minhas habilidades. A sua dedicação, profissionalismo exemplar, horas gastas na correção dos meus trabalhos foram incontestáveis para o meu sucesso. Você foi um ourives que precisou lapidar uma pedra bruta, para apresentar o valor. Você transformou uma fazendeira que lida com tarefas pertinentes ao campo em uma pesquisadora. Quanto trabalho!!!! Serei sempre grata por me ajudar a realizar um sonho. vi Ao grupo de orientandas da Denise: Liliane Carneiro, Daniela Vilarinho, Renata Prado, Bianca Costa, Nívea Braga e Marina Porto, por serem tão amigas e cada uma com sua forma especial de ser amiga. Sentirei muitas saudades... À professora Maria Helena Fávero, pelo ensino da disciplina Desenvolvimento Adulto, minha fase de vida atual, e por compartilharmos a alegria de envelhecer sem sentir saudades da juventude devido às conquistas que já realizamos!!! À professora Eunice Alencar, por ensinar-me sobre o tema da criatividade e que, independentemente da quantidade de filhos, é possível realizar sonhos com disciplina e dedicação! À banca examinadora, que dedicou horas de leitura e apreciação estando presente na defesa. Suporte Profissional À SEEDF, aos colegas de trabalho e a equipe do AEE/AH-SD que apoiaram minha saída para os estudos. Aos alunos superdotados e familiares, que se tornaram alvo dos meus interesses, pesquisa e horas de estudo palatáveis. Suporte de Amigos A todos que me apoiaram e não foram citados, por sentirem minha ausência e silêncio. Estou voltando com muitas saudades!!! Ao leitor incógnito que passará os olhos sobre a minha dissertação, talvez no futuro, já com folhas amareladas. Não saberei quem és, mas tens minha gratidão pelo interesse em conhecer a minha pesquisa!!
investigações sobre o português arcaico e sobre o português brasileiro, respectivamente.Apresentar a homenageada é tarefa fácil, porque dispensável. Na abertura da sua fala no ROSAE, afirmou Ataliba Teixeira de Castilho: "Estamos aqui reunidos para celebrar Rosa Virgínia Mattos e Silva, vale dizer, para celebrar a Linguística Histórica no Brasil". É, pois, em reconhecimento a uma linguista brasileira e baiana -ou, talvez melhor, a uma professora de português, como ela sempre se identificou -e a uma obra em que se distinguem profunda erudição e profunda sensibilidade que se oferece A ROSA este livro, com trabalhos que versam sobre temas que sempre lhe foram caros e que se integram a diversas áreas da investigação linguística, a saber:
Fugiu ontem da casa do Sr. Savério Rodrigues Jordão, um escravo de nação de nome Augusto, cinqüenta anos de idade, alto, testa larga e bem barbeado. Sabe ler e escrever e é bem falante. É ótimo cozinheiro de forno e fogão. Quem o apreender e o levar a seu senhor será gratificado. (Diário de São Paulo de 12 de agosto de 1870).Gratifica-se com 100$000 a quem entregar a Estanislau de C. P. o escravo Inácio de 30 anos de idade, mais ou menos, bem preto, barbado, boa dentadura, rosto comprido, nariz afilado, altura regular, ladino, olhos avermelhados, gosta de tocar viola, sabe ler, é natural da Província da Bahia. (A Província de São Paulo de 15 de julho de 1879).Ressaltar, ao lado dos nomes e características físicas dos escravos, o fato de que sabiam ler ou escrever, ou, ainda, as duas habilidades, parece mostrar que, para a própria sociedade de então, havia, de certa forma, a consciência de que isso era raro, ou seja, diante do mar de analfabetismo em que estavam mergulhados os escravos, quando ocorriam casos excepcionais de algum que sabia ler e escrever, isso o individualizava perante seus pares e servia-lhe, por conseguinte, como marca identificadora.Se há indícios de que escravos se alfabetizassem -poucos, que se registre -e, como já se informou, provavelmente não pelos meios formais, quais teriam sido os caminhos percorridos por essa parcela da população que, de alguma maneira, conseguiu alguma habilidade na escrita e na leitura? Discutem-se, a seguir, algumas hipóteses. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DE ESCRAVOSUm provável caminho foi apontado pela historiadora Kátia Mattoso (1992), quando diz que a aprendizagem da leitura e da escrita, por parte de escravos, tenha, talvez, se efetuado na casa do senhor. Portanto, para uma reconstrução do caminho percorrido por escravos para se alfabetizarem, tem que ser levada em consideração a sua relação com as famílias dos senhores. Trata-se, como é óbvio, de percurso difícil de ser reconstruído, uma vez que essas relações, estabelecidas dentro dos casarios, não deixaram, quanto ao aspecto que se busca, registros em outros lugares da sociedade passada. Os estudos de história social, entretanto, parecem deixar claro que as relações mais 'afetuosas' entre os escravos e as famílias dos senhores tinham mais chances de se estreitar com os chamados escravos domésticos, ou seja, aqueles que 17 ocupavam lugares de trabalho dentro dos domicílios. Tais relações seriam mais raras com os escravos urbanos, uma vez que viviam a trabalhar nas ruas, em várias atividades comerciais, como ambulantes, carregadores etc., apenas repassando o ganho obtido ao seu dono, e também com os escravos rurais, porque as atividades agrícolas não possibilitavam contatos mais diretos entre eles e os senhores. Desse modo, dos grupos de escravos mencionados -os domésticos, os urbanos e os rurais -, foram os primeiros, talvez, os mais prováveis a estabelecer relações, além de trabalhistas, com a família do senhor. Mesmo os que se denominam como escravos domésticos não podem ser considerados como um todo homogêneo...
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