Investigamos o estatuto da microconstrução [sabe (-se) lá que] utilizada com a função de conector textual na língua portuguesa atual, estabelecendo relações semânticas, além das discursivo-pragmáticas, entre as partes do texto, conforme Koch (2015, 2017). O escopo de atuação do objeto pesquisado não é limitado ao encadeamento de orações como estabelecido pela tradição no tocante à função dos elementos conectores. Conforme Rodríguez (2017), defendemos a existência da sintaxe de unidades superiores à sentença – a macrossintaxe. O aporte teórico utilizado é a Linguística Funcional Centrada no Uso, aliada aos pressupostos da Gramática de Construções. Justificamos essa escolha pelo relevo dado ao uso real da língua, aos aspectos linguísticos e extralinguísticos envolvidos nas análises, além da semântica e da pragmática, lócus do uso linguístico, que alimenta a mudança linguística. As instanciações de [sabe (-se) lá que] provêm do Corpus do Português NOW, com dados que figuram entre 2012 e 2019. Sobre a frequência token de [sabe (-se) lá que], encontramos 25 ocorrências assim distribuídas: [sabe-se lá que], com maior produtividade (24) e [sabe lá que], com menor produtividade (uma). Sintaticamente, verificamos seis posições em que a microconstrução é recrutada, bem como quatro valores semântico-pragmáticos a ela aferidos.