Rotinas – Uma Revisão Teórica

Abstract

ResumoEste artigo tem por objetivo discutir o conceito de rotinas e apresentar os principais avanços na área. O debate a esse respeito -elemento central na teoria neoschumpeteriana -tem crescido, e vários autores, inclusive aqueles ligados a áreas correlatas, como estratégia de empresas, inovação e mudança organizacional, têm buscado maior entendimento sobre o conceito. Neste sentido, uma visita à literatura produzida nos últimos anos mostra-se como um importante ponto de partida. A primeira seção deste artigo apresenta o debate recente sobre o conceito de rotinas, classificando a literatura em três grandes interpretações. A seguir, discute-se sua origem, isto é, o seu fundamento micro e a perspectiva das rotinas no nível das empresas.Por fim, apresentam-se as principais discussões e contribuições recentes em termos teóricos e empíricos no que se refere aos seus papéis e características.

Rotinas de Firmas Industriais Inovadoras do Rio Grande do Sul

“…Segundo Milagres (2011), embora na literatura existam evidências de que as rotinas promovem estabilidade, há também indicações de que estas mudam como fruto das experiências. Assim, as rotinas podem ser entendidas de uma maneira dinâmica.…”

“…Aprofundar os estudos sobre as rotinas das firmas é relevante, pois ainda existem campos abertos para a pesquisa do tema, tais como a correlação entre rotinas, aprendizado e conhecimento (MILAGRES, 2011). As organizações vivem sobre a égide da inovação, isto é, sob a necessidade de criar novas rotinas ou recombinar rotinas existentes, portanto, cabe questionar qual o papel das rotinas em renovar o conhecimento das organizações.…”

O Céu É O Limite! Mas É Imperativo Manter Os Pés No Chão: A (Re)criação Dos Padrões De Ação Em Ambiente Altamente Regulamentado

“…Assim como existe uma heterogeneidade de conceitos que recai sobre as rotinas, existe também uma diversidade de significados para os seus papéis na literatura acadêmica, que não possui muitos estudos direcionados para o seu entendimento (FELIN & FOSS, 2009;MILAGRES, 2011;HANSEN & VOGEL, 2011), não permitindo, assim, a retenção na construção de uma definição clara dos seus efeitos nas organizações (FELIN & FOSS, 2009). Esse aspecto, porém, não significa uma desvantagem e, sim, a representação da complexidade do fenômeno, como apresentado por Pentland & Feldman (2005 Baseados nessa variação de empregos específicos das rotinas, os seus papéis também possuem essa complexidade em seu entendimento devido à sua aplicação em ambientes distintos com características singulares.…”

“…Outro papel relevante das rotinas é possibilitar economia de recursos cognitivos devido à aprendizagem pela prática MILAGRES, 2011), que auxiliam a tornar as rotinas automatizadas e, ao mesmo tempo, colaboram com a redução das incertezas, uma vez que as rotinas reduzem a necessidade de tomada de decisão, o que aumenta a confiança nos típicos padrões de respostas. Mas nem todos os significados dos papéis possuem uma visão unânime entre os pesquisadores, principalmente a questão do papel da estabilidade nas rotinas, que é vista de forma contraditória e polêmica, pois existem correntes que demonstram a estabilidade das rotinas como uma linha de base para a previsão, coordenação e principalmente para o aprendizado, as consolidando como armazenamento de conhecimento ou acúmulo de experiência que advém de rotinas passadas (NELSON & WINTER, 1982;FELIN & FOSS, 2009;DIONYSIOU & TSOUKAS, 2013).…”

“…Será possível perceber na figura que as ROs emergiram a partir da influência de diversas correntes teóricas, como a teoria comportamental, a teoria do conhecimento, a teoria da firma, dentre outras (FELIN & FOSS, 2009;PARMIGIANI & HOWARD-GRENVILLE, 2011;MILAGRES, 2011;HANSEN & VOGEL, 2011). Surgiram, inclusive, de diferentes ciências, principalmente da Economia, fornecendo base para a perspectiva das capacidades (NELSON & WINTER, 1982;PARMIGIANI & HOWARD-GRENVILLE, 2011), e da Sociologia, com a sua prática sociomaterial fornecendo base para a perspectiva das práticas (GEHARDI, 2000;ORLIKOWSKI, 2002;FELDMAN & ORLIKOWSKI, 2011;HANSEN & VOGEL, 2011;SANDBERG & TSOUKAS, 2011;NICOLINI, 2011;NICOLINI, 2013;LANNACCI & HATZARAS, 2012;BISPO, 2013a;2013b), tema que será o fundamento teórico norteador da presente pesquisa.…”