Saberes e práticas em urgências e emergências psiquiátricas [Knowledge and practices in urgent and emergency psychiatric care] [Saberes y prácticas en urgencias y emergencias psiquiátricas]

Abstract

RESUMOObjetivo: identificar as dificuldades existentes na implementação de uma assistência de emergência ao usuário em sofrimento psiquiátrico no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Método: pesquisa qualitativa com 34 profissionais de enfermagem do SAMU de um município do Nordeste do Brasil. Os dados foram coletados por entrevista semiestruturada e analisados segundo a técnica da análise de conteúdo temática. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos com o CAAE nº 17326513.0.0000.5537. Resultados: as categorias que emergiram do discurso dos entrevistados foram: entraves na assistência às urgências e emergências psiquiátricas; estratégias para consolidação da assistência integral às urgências e emergências psiquiátricas. Tais condições se justificam pela assistência ofertada de forma inadequada e pela ausência de uma rede de serviços em saúde mental resolutiva. Conclusão: a falta de uma rede de atendimento em saúde mental organizada e hierarquizada constitui-se como entrave para consolidação das diretrizes da Reforma Psiquiátrica na prática. Palavras-chave: Enfermagem; saúde mental; enfermagem psiquiátrica; serviços de emergência psiquiátrica. ABSTRACTObjective: to identify the difficulties in implementation of emergency care for users in psychiatric suffering in the Mobile Emergency Care Service (SAMU). Method: in this qualitative study of 34 SAMU nursing personnel in a town in Northeast Brazil, data were collected by semi-structured interview, and analyzed using the thematic analysis technique. The study was approved by the human research ethics committee (CAAE 17326513.0.0000.5537). Results: the categories that emerged from the interviewees' discourse were: barriers in urgent and emergency psychiatric care and strategies to establish comprehensive urgent and emergency psychiatric care. These conditions are explained by inappropriate care being offered and by the absence of a mental health services system capable of solving the problems. Conclusion: the lack of an organized, hierarchical mental health care system constitutes an obstacle to fulfilling the guidelines of the Psychiatric Reform in practice.

Social representations of nurses of the Emergency Care Unit towards people with mental disorder

“…The problem begins from the objectification of the important ignorance about the RAPs verbalized by the participants and, being it an element of articulation of the mental health care points and governed by guidelines that ensure a humanized, equitable and community-based care (2) , its non-recognition and the consequent disarticulation between services contributes significantly to a fragmented and unresolved assistance (8) .…”

“…The non-appropriation of knowledge in mental health based on the principles of BPR and the remaining concepts of classical psychiatry make professionals anchor this care to outdated concepts and, added to the lack of established flows and protocols for this type of care, promote a gap between them and the users. The lack of specific knowledge and skills, experience and qualification in the area is recurrent among health professionals working in general urgencies and emergencies (5)(6)(7)(17)(18)(19)(20)(21)(24)(25)(26)(27) , as well as the lack of specific protocols for the care of psychiatric urgencies and emergencies (8,26) .…”

“…A study (4) verified the predominance of unpreparedness of the teams of these services and of the places of attendance in these situations. Professionals dispute about the responsibility of emergency departments in attending people with mental disorders (5)(6)(7) , even claiming that the psychiatric hospital is the best direction for this type of demand (8) . There is a significant lack of knowledge about the flows and components of the RAPs and the non-recognition of urgency and emergency services as an integral part of this network (9) .…”

Serviços de atendimento móvel de urgência frente às emergências psiquiátricas: Uma revisão narrativa

“…As urgências e emergências ocupam um lugar estratégico nos cuidados, consideradas portas de entradas para os usuários com transtorno mental, em situação de crise, nos serviços do SUS. Entretanto, tem se apresentado como um dos pontos problemáticos da RAPS, em razão de que na maioria das vezes, os serviços de urgência e emergência, quando prestam assistência ao utente em crise psíquica, tem priorizado a sedação e o encaminhamento para o internamento hospitalar, como se estes métodos fossem a principal e única possibilidade para conter a crise (Oliveira e Silva, 2017;Brito, Bonfada e Guimarães, 2015). A assistência prestada pelo SAMU à pessoa em sofrimento psíquico é fundamental para o fortalecimento da reestruturação da assistência à saúde mental no país.…”

“…As ações de contenção mecânica ou química têm a finalidade de evitar que os utentes atuem de forma violenta durante os momentos de agitação, e somente deverão ser utilizadas, quando práticas não coercitivas, como o diálogo e a escuta, não forem suficientes para lidar com expressões de agressividade (Willrich, Kantorski, Antonacci, Cortes e Chiavagatti, 2014). Os serviços de emergências têm o histórico de desconhecer ou não atuar de forma que a atenção à crise psíquica necessita, ou seja, por meios da empatia, do diálogo, da humanização, da corresponsabilização pelo cuidado e da criatividade durante o atendimento ao indivíduo em situação de crise (Oliveira e Silva, 2017). Zeller & Citrome (2016), apontaram os benefícios das práticas não coercitivas no atendimento a crise pelos serviços de emergências.…”