Salutogênese-Camponês a Camponês: uma metodologia para promoção da saúde de populações expostas a agrotóxicos

Abstract

RESUMO O estudo teve por objetivo apresentar experiência de metodologia para a promoção da saúde de populações expostas a agrotóxicos. Trata-se de um relato de experiência metodológica desenvolvida com camponeses de Lavras (MG), por meio de pesquisa-ação, entre maio e setembro de 2017. Estruturada pelas bases teórico-práticas do paradigma da Salutogênese e da metodologia social de disseminação da agroecologia Camponês a Camponês, a metodologia proposta permite o desenvolvimento do Senso de Coerência dos camponeses e a disponibilização dos recursos agroecológicos presentes nas comunidades rurais, apresentando-se como ferramenta para ações e pesquisas em contextos semelhantes em outras localidades do Brasil.

Bases teóricas para promoção da saúde e resistência camponesa: um novo horizonte metodológico

“…No caso de populações camponesas submetidas à subjugação e impactos da lógica, estrutura e ações do agronegócio capitalista, a base teórica e operacional de estruturação de uma estratégia de promoção da saúde deve viabilizar um processo de construção da autoapreensão camponesa de seu contexto e da valorização e utilização de seus conhecimentos e recursos no processo de mudança das condições de dominação, exploração e adoecimento de seu modo particular de vida, produção e economia 10 . Para isso, o conceito da promoção da saúde deve ser entrelaçado com a teoria, a prática e a práxis de um modelo de produção e conhecimento que seja coerente com o modo de vida e economia camponesa, permitindo sua reestruturação e potencialização.…”

“…Para isso, tais bases inovadoras devem estruturar caminhos de pesquisa-ação que subsidiem a família e a comunidade camponesa em um processo social de autorreconhecimento, autovalorização e utilização dos seus conhecimentos e suas práticas produtivas, econômicas e culturais -tradicionalmente sustentáveis dos pontos de vista agrícola, ecológico e sanitário. Foi nesse sentido que o artigo 'Salutogênese-Camponês a Camponês: uma metodologia para promoção da saúde de populações expostas a agrotóxicos' 10 -um relato da experiência das cinco primeiras atividades dos trabalhos de campo da pesquisa de doutorado 'Construção de um processo participativo de Promoção da Saúde para a superação do modelo do agronegócio: a experiência camponesa a partir da Salutogênese e da Agroecologia em Lavras -MG' 11 , buscou apresentar caminhos e instrumentos de estruturação e desenvolvimento de uma metodologia fundamentada no referencial teórico-prático do paradigma salutogênico de promoção da saúde e da metodologia social de disseminação horizontal e autônoma da agroecologia conhecida como camponês a camponês.…”

Relato de experiência sobre a percepção da influência da agroecologia no bem-estar de horticultores rurais através de projeto sistematizador

“…Somando a estas questões através de algumas experiências verifica-se que a agricultura agroecológica revela-se como ferramenta promotora de saúde por contribuir com o fortalecimento do protagonismo individual e comunitário, empoderamento, criação de ambientes favoráveis à saúde, bem como seu potencial para a multiplicação de "saberes", pelos envolvidos, sobre temas relacionados à geração de renda, saúde e meio ambiente (Ribeiro, et al, 2015) Há demonstrações que através de operacionalização teórico-prática, foram desenvolvidos constructos subjetivos, com a sustentação da viabilidade da agroecologia como modelo de produção para a melhoria das condições de vida e saúde nas propriedades e comunidades rurais, assim como a elaboração de instrumentos que vem orientando o amplo processo de transição agroecológica e de organização camponesa (Abreu & Alonzo, 2018).…”

Relato de experiência de uma oficina sobre sexualidade com jovens de uma escola pública de Uberlândia, Minas Gerais

“…Assim, através do sentido de coerência, os indivíduos são capazes de compreender melhor sua saúde e as variáveis que nela interferem, a partir de uma reflexão crítica e ampliada de suas individualidades e do coletivo onde está inserido, a fim de potencializar sua capacidade de gestão sobre si e produção de investimentos em comportamentos e ações que produzam saúde (ABREU;ALONZO, 2018;LINDSTRÖM, 2018;SALCI et al, 2013).…”