Saúde Mental de Homens Gays na Pandemia

Abstract

Vulnerabilidades prévias e sofrimentos crônicos relativos a preconceito, homofobia e discriminação marcam o cotidiano de gays. Tais vulnerabilidades e sofrimentos ganham novos contornos perante as restrições sanitárias impostas pela pandemia da covid-19. Objetivando compreender os fatores de vulnerabilização e adoecimento mental entre gays, realizou-se em 2020 uma pesquisa, do tipo exploratória, junto a 43 homens gays, com utilização de questionário eletrônico, da ferramenta Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20) e realização de entrevistas com roteiro semiestruturado, junto a 8 participantes. Encontrou-se o percentual elevado de 60,5% no indicativo de Transtornos Mentais Comuns (TMC) entre os respondentes. Os dados indicam que os TMC se associam a marcadores sociais como raça, renda, escolaridade, bem como moradia, desigualdades no acesso e circulação na cidade e, particularmente, ser gay afeminado. As restrições sanitárias impuseram a intensificação de relações familiares conservadoras e heteronormativas e a diminuição da mobilidade, afastamento dos laços comunitários e de sociabilidade gay, agravando o estado de saúde mental.

Transfobia institucional: o caráter contraditório do Estado frente ao acesso à saúde pública por travestis e mulheres transexuais

“…Além disso, conforme os marcadores sociais da diferença forem percebidos como estigmatizados pela sociedade em que a pessoa vive, maior sua situação de vulnerabilidade e os malefícios para a saúde mental das pessoas LGBTs (Belarmino;Dimenstein;Leite, 2022).…”

“…Algo semelhante acontece nas relações de gênero: pessoas gays e lésbicas, que adotam comportamentos próximos do modelo heterossexual, também tendem a sofrem menos práticas discriminatórias (Belarmino, Dimenstein, Leite, 2022). No caso de gays afeminados, assim como pessoas trans, onde sua orientação sexual é bastante visível, possuem menos passabilidade e tendem a estarem sujeitas a sofrer mais violências (Duque, 2020).…”

“…A literatura sobre o tema aponta os vínculos de amigos como um dos principais fatores de proteção contra o preconceito e a discriminação (Soliva;Silva Junior, 2014). Diferentes pesquisas têm destacado a importância dos espaços de encontro e sociabilidade para pessoas LGBTs (Oliveira, 2009;Belarmino, Dimenstein, Leite, 2022) A segunda emoção mencionada por Kleber foi a angústia. Goffman (1988) faz uma interessante análise sobre a relação entre a angústia e a noção de estigma.…”