SAUTCHUK, João Miguel. 2012. A poética do improviso: prática e habilidade no repente nordestino

Masculinidades, Interseccionalidade E Proteção Social Na Política De Educação: Análise a Partir De Uma Escola Pública

“…Vale ressaltar que a masculinidade hegemônica tem sido reproduzida como modelo central de masculinidade (ALMEIDA, 1996) Além disso, a timidez relatada por Pedro pode evidenciar também uma maior "reserva" das professoras da escola em relação aos familiares homens, apontada por Maroun (2015), em que essas podem não se sentir à vontade com a figura masculina, demonstrando maior insegurança quando questionadas por um homem do que por uma mulher, pois quando elas atendem às mulheres elas conseguiriam "falar a mesma língua" com elas. Já com os homens, haveria uma maior dificuldade de comunicação, podendo as profissionais da escola se sentir mais "amedrontadas" em relação a eles (MAROUN, 2015), evidenciando, possivelmente, um acesso diferenciado dos familiares homens no espaço escolar.…”

“…Desse modo, a masculinidade hegemônica tem sido reproduzida como modelo central de masculinidade, mesmo que a diversidade de experiências e identidades dos homens apontem a existência de masculinidades plurais. Assim, como define Almeida (1996) as masculinidades subordinadas não são versões excluídas, existem na medida em que estão contidas na hegemônica, são como que efeitos perversos desta, já lá estão potencialmente. Nesse contexto, o patriarcado definirá uma ordem de gênero em que a masculinidade hegemônica se consagrará como superior ao feminino e às masculinidades subordinadas.…”

“…Nesse contexto, o patriarcado definirá uma ordem de gênero em que a masculinidade hegemônica se consagrará como superior ao feminino e às masculinidades subordinadas. A masculinidade hegemônica, enquanto modelo cultural ideal e, muitas vezes, não atingível, exerce, portanto, um efeito controlador sobre homens e mulheres (ALMEIDA, 1996).…”

“…Nesse contexto, retomando as análises apontadas na pesquisa desenvolvida para o Mestrado realizada no campo da Educação Infantil, e que reverberaram em desdobramentos para a continuação do presente estudo (realizado em uma escola pública do mesmo bairro), enquanto resultado de pesquisa, dois grupos de homens caracterizam o perfil do público morador das comunidades do entorno da região, evidenciando duas identidades masculinas associadas, entre outras dimensões, à raça e à origem: o "homem negro" e o "homem nordestino (branco e negro)". As identidades desses homens serão aprofundadas neste estudo, a partir da vivência de cuidados exercidos por eles no âmbito escolar, considerando que o homem negro e o homem nordestino estariam destituídos de uma relação privilegiada de poder como os "grandes homens" (WELZER-LANG, 2011), colocando em xeque o modelo de masculinidade hegemônica, sob a perspectiva das masculinidades subordinadas (CONELL; MESSERSCHMIDT, 2013;ALMEIDA, 1996).…”

“…Assim, em relação aos homens negros, marca-se que suas experiências de cuidados representam contrapontos significativos ao modelo de masculinidade hegemônico. Então, é possível que a vivência dos cuidados, no que se refere a homens negros, traga indagações quanto ao modo constitutivo da masculinidade subordinada (CONELL, 1995;ALMEIDA 1996) e as influências que essas distinções podem ter nas relações familiares estabelecidas em diferentes espaços institucionais da proteção social.…”