Introdução: O escorpionismo configura importante e crescente problema de saúde pública no Brasil, sendo o principal causador de acidentes por animais peçonhentos. A espécie Tityus serrulatus (escorpião-amarelo) já foi largamente associada a maior gravidade dos casos em decorrência da toxicidade de seu veneno. No estado de São Paulo, em 2016, foram notificados 91.476 acidentes e 10 óbitos, sendo este o estado com a segunda maior quantidade de picadas. Objetivo: Realizar o levantamento clínico-epidemiológico dos acidentes escorpiônicos na região de São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil, no período de 2010 a 2016. Métodos: Análise de prontuários dos pacientes atendidos pelo Centro de Assistência Toxicológica (CEATOX-21) do complexo Hospital de Base/Hospital da Criança e Maternidade (HB/HCM), de 2010 a 2016. Resultados: Observou-se um aumento de 111% no número de atendimentos por picadas de escorpião em 2016 com relação a 2010. A maioria das picadas ocorreu na própria residência do paciente (82%), em homens (54,9%), entre 24 e 60 anos de idade (24,9%). Em 29,11% dos casos, os pacientes eram menores de 12 anos – grupo associado a maior gravidade. As cidades com maior número de eventos foram São José do Rio Preto (36,8%); Mirassol (5,31%); e Nova Granada (4,31%). As solicitações de avaliação pelo CEATOX foram originadas principalmente pelo complexo HB/HCM (47,5%), seguido por 18,55% de hospitais particulares, 14,9% de serviços de urgência e emergência e 10,5% de hospitais filantrópicos/públicos/centros de saúde. O total de casos moderados e graves foi 20,7%, sendo a espécie T. serrulatus o responsável por ocasionar a imensa maioria dos acidentes por escorpiões peçonhentos na região. Conclusão: O escorpionismo apresenta crescimento importante durante o tempo analisado, em especial da espécie Tityus serrulatus. Em razão da manifestação clínica diversa e mutável, há a necessidade de avaliação constante dos pacientes picados para correta indicação de soroterapia.