ResumoEstudos abrangendo a voz dos usuários crônicos de drogas de abuso ainda são pouco explorados, principalmente, no que se refere às repercussões no âmbito familiar. Estudo qualitativo que objetivou analisar a percepção de trabalhadores da construção civil, usuários de drogas, sobre as repercussões na vida de sua família. Realizado no município de Maringá-Paraná, com entrevistas de seis trabalhadores da construção civil internados com diagnóstico médico de intoxicação por drogas de abuso, e notificados a um centro de assistência toxicológica, no período de julho a dezembro de 2015. Os instrumentos foram a Escala Risco Social Familiar e um roteiro para entrevista semiestruturada, cujos dados foram analisados por análise de conteúdo na modalidade temática. Emergiram duas categorias: Vivendo o autoestigma do alcoolismo e O efeito do alcoolismo nas relações familiares. Os trabalhadores eram do sexo masculino, com idade média de 44 anos, sendo metade casados, apresentando baixas escolaridade e renda individual, e ocupação principal de pedreiros e serventes. A bebida alcoólica e o trauma físico configuraram espaços de risco e adoecimento. O risco social de três famílias foi classificado em menor e médio. Os dados reiteram aspectos sociais do trabalho na Construção Civil, e os trabalhadores reconheceram que ocasionam sobrecarga emocional aos familiares, como preocupação e sofrimento, e alteram as rotinas e relações sociais da família. Espera-se estimular outros estudos que expõem a percepção dos trabalhadores frente ao seu uso abusivo de drogas, com vistas aos programas de prevenção no âmbito familiar.
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