“…Como desnuda Duarte (2001), esse movimento pedagógico articula-se às demandas do receituário neoliberal, corroborando para a descaracterização do papel do professor e esvaziamento dos conteú-dos escolares, tão ao gosto dos interesses de manutenção do status quo. Lamare (2016) analisa trabalhos vinculados à perspectiva da pedagogia da infância apresentados no GT de Educação Infantil da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) no período de 2003-2013, identificando sua sustentação na ideia de infância como um momento único e determinante no desenvolvimento humano -já analisada por Arce (2004) como fetichismo da infância -, a qual se desdobra na proposição pedagógica de que as creches e pré-escolas não devem ser "escolas" ou espaços de transmissão, perpetuação e produção do conhecimento, mas de socialização, inclusão e coesão social. A base desse pensamento, indica Lamare (2016), é "a compreensão de que os antagonismos sociais seriam superados pela aceitação das diferenças, sendo o caminho para isso: a colaboração, o diálo-go e a escuta do que desejam as crianças" (p.148).…”