Escapa-se-nos de todo, na Amazônia, a enormidade que só se pode medir, repartida; a amplitude, que se tem de diminuir, para avaliar-se; a grandeza que só se deixa ver, apequenandose através dos microscópios, e um infinito que se dosa a pouco e pouco, lento e lento, indefinidamente, torturantemente. A terra ainda é misteriosa. O seu espaço é como o espaço de Milton: esconde-se a si mesmo. Anula-se a própria amplidão, a extinguir-se, decaindo por todos os lados, adstrita à fatalidade geométrica da curvatura terrestre, ou iludindo as vistas curiosas com o uniforme traiçoeiro de seus aspectos imutáveis. A inteligência humana não suportaria de improviso o peso daquela realidade portentosa. Terá de crescer com ela, adaptando-se-lhe, para dominá-la. Para vê-la deve renunciarse ao propósito de descortina-la. (Euclides da Cunha)
RESUMOA presente dissertação tem como intuito refletir acerca das iconografias urbanas existentes no espólio documental da Viagem Filosófica pelas Capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá (1783-1792, coordenada pelo naturalista luso-brasileiro Alexandre Rodrigues Ferreira. Adjunta à essa reflexão se propõem um exercício de espacialização e georreferenciamento dessas imagens sobre uma base cartográfica, a fim de poder comparar diferentes tipologias documentais da época que versavam sobre a região em destaque. Constituindo assim uma comparação entre as diversas tipologias documentais, interpretadas à luz de uma "arqueologia da paisagem", visando contribuir com a ampla discussão sobre o tema.