Sexualidade e prevenção entre homens que fazem sexo com homens nos contextos das pandemias de AIDS e da Covid-19

Abstract

Resumo Este ensaio reflete sobre práticas sexuais e prevenção nos contextos das pandemias de AIDS e da COVID-19. Analisa dados coletados entre julho e outubro de 2020, por meio de observação participante, no âmbito de uma pesquisa etnográfica sobre vulnerabilidade e prevenção ao HIV entre homens que fazem sexo com homens da Região Metropolitana do Recife. Os resultados apontam para a relevância da aparência corporal e da vinculação afetiva entre os parceiros no engendramento de emoções que medeiam a lida com risco de infecção em ambas as pandemias. Sinaliza para a necessidade de incorporar essas dimensões comunicacionais em materiais informativos, de modo a torná-los mais eficazes.

Sexualidade e vivência com o HIV/Aids: uma revisão integrativa

“…A vivência com HIV/aids apresenta diversos desafios ao sujeito soropositivo, incluindo fatores que influenciam diretamente na sexualidade, como demonstra a literatura. Diversos sentimentos em relação a infecção tomam conta dos sujeitos de ambos os sexos, orientação sexual diversa e faixas etárias distintas, trazendo complexidade nas adaptações com a doença (Lourenço, et al, 2018), (Nascimento, et al, 2017), (Rios, 2021), (Sá & Santos, 2018), (Sehnem, et al, 2018), (Silva, et al, 2020), (Suto, et al, 2021), (Zanelatto, et al, 2018).…”

“…Porém esse mesmo grupo que tem construído práticas e conhecimentos para se adaptar, mantem-se fixo na imagem de pessoa com HIV não saudável. As imagens corporais e vinculações afetivas são fatores responsáveis pelo surgimento de emoções que influenciam diretamente na não proteção ao HIV (Rios, 2021).…”

Sexualidade E Pandemia De Covid-19 No Brasil

“…Uma primeira questão a ser destacada diz respeito ao preconceito que a literatura demonstrou existir na pandemia de COVID-19, em termos parecidos com o que aconteceu na pandemia de AIDS. Há uma equivocada relação com a aparência (beleza e porte físico) e grau de vinculação (estranho, conhecido, amigo, companheiro afetivo-sexual), lidos como não infectante aquelas pessoas aparentemente saudáveis, belas e/ou de vinculação mais próxima, podendo levar à tomada de decisão positiva para a vinculação afetiva e sexual a partir desses critérios, aumentando o risco de contágio pela falta de cuidado (RIOS, 2021). Por outro lado, houve também um aumento na demanda de jovens pela busca de preservativos e lubrificantes, ao tomarem conhecimento de serviços especializados devido à campanha de vacinação contra a COVID-19 (MENEZES, 2022).…”

“…Importante observar como uma parte das pesquisas indiretamente reproduzem estereótipos de gênero ao propor, por exemplo, pesquisas acerca de aspectos binários, relacionando o masculino à agressividadeatividade-virilidade (CÓRDOBA; IBARRA-CASALS, 2021;MUTI, et al, 2022;RIOS, 2021) e o feminino à fragilidade-passividade (CAMPOS et al, 2020;MARCOLINO et al, 2021). Um exemplo de trabalho que foi ao caminho oposto aos estereótipos de gênero é o artigo de SOUSA, et al (2021).…”

Entre Homens: Noções De Masculinidades Para Usuários De Apps De Encontros Eróticos

“…Luís Felipe Rios (2021), ao discutir sobre as práticas de pegação entre homens no contexto pandêmico de AIDS e Covid-19 na região metropolitana do Recife, aponta a necessidade de trazer a reflexão sobre os efeitos do não cuidado, em vez de esperar que essa consciência aconteça a partir do próprio adoecimento. "Imagens corporais e vinculações afetivas são capazes de fazer emergir emoções que interferem na disposição para utilização das medidas de proteção para o HIV e para o Sars-CoV-2 nas cenas sexuais": (Rios, 2021(Rios, , p. 1861.…”