Os modos heterogêneos de cultivar erva-mate (Ilex paraguariensis) na agricultura familiar sofrem pressões tecnocientíficas no Brasil. Esta afirmação pode ser problematizada pelo arcabouço teórico dos estudos ciência, tecnologia e sociedade (CTS). O comércio e as expectativas de ampliação do mercado fortalecem a atividade econômica que tem esta planta como base. Com lavouras em mais de 6 mil propriedades rurais, municípios das mesorregiões Centro-Sul e Sudeste do estado do Paraná formam a principal zona produtora de erva-mate no Brasil. Os cultivos nestas regiões são, em sua maioria, consorciados com vegetação nativa e favorecem a conservação da biodiversidade. A este manejo, acrescentam-se saberes e conhecimentos constituídos desde os povos originários até os atuais agricultores familiares. Porém, há pressões tecnocientíficas para substituir modos de produção tradicionais visando à produtividade e lucro. O objetivo deste trabalho é analisar esta realidade com abordagem interdisciplinar como necessária para revelar tensões, apontar agenciamentos que configuram a tecnociência e debater a integração de experiências e conhecimentos. Utilizam-se conceitos interdisciplinares dos estudos CTS para analisar como as dinâmicas e o aparelhamento tecnocientíficos pressionam a agricultura tradicional. Conceitos como determinismo tecnológico e tecnociência solidária revelam-se úteis para explorar consensos, contradições e conflitos na produção de erva-mate no estado do Paraná.