“…Eles demonstram que a certificação participativa foi construída e disseminada por organizações do movimento agroecológico para se contrapor à exclusão dos agricultores familiares decorrente dos custos da auditoria de terceira parte, sobretudo quando esta é realizada por empresas privadas (Medaets et al, 2020). Outro motivo seria a contraposição à perspectiva excessivamente técnico-produtiva da certificação por auditoria, a qual desconsideraria os fatores culturais implicados na transição agroecológica, em particular os processos de aprendizagem social necessários não apenas ao manejo ecológico dos agroecossistemas, mas, principalmente, à inserção dos agricultores nos mercados (Radomsky, 2015;Niederle & Wesz Junior, 2018) São mais raros os estudos que comparam as estruturas organizacionais, os modos de funcionamento e os resultados produzidos pelos OPACs no Brasil (Caldas et al, 2012;Niederle et al, 2020). Além disso, nenhum deles se debruçou sobre uma questão recorrente na literatura internacional sobre orgânicos, qual seja: a existência de um processo de uniformização das estruturas e procedimentos de certificação como efeito da difusão internacional de regras e padrões (Fouilleux, 2013;Boström, 2006;Hatanaka et al, 2005;Lemeilleur & Allaire, 2018).…”