Este trabalho teve como objetivo compreender como ocorrem as interações escolares entre estudantes e professores no que diz respeito à temática das religiões de matrizes africanas. A metodologia de caráter qualitativo contou com técnicas de observação participante, rodas de conversa com alunas do Ensino Médio, além de entrevistas com professores e gestores de uma escola pública de um município da grande São Paulo. Fundamentada na teoria histórico-cultural, a análise de dados incidiu sobre as mediações entre estudantes e adultos da escola em consonância com os posicionamentos adotados no enfrentamento das desigualdades étnico-raciais nos espaços escolares, especialmente no que tange às questões de ordem religiosa. Os resultados demonstraram que adeptos de religiões de matrizes africanas passam por constantes situações de discriminação, tanto fora quanto dentro dos muros da escola. A análise dos dados denuncia a forma como tais pertenças religiosas são ocultadas e omitidas nos espaços institucionais, tanto pelo ponto de vista das estudantes quanto pelo relato dos professores. Conclui-se que a representação estereotipada e preconceituosa das crenças afro-brasileiras tem oportunizado situações de violência simbólica no cotidiano de atores escolares, em que apenas religiões de matriz cristã são reconhecidas hegemonicamente. Tais processos reforçam o racismo estrutural e institucional, evidenciando a necessidade de formação continuada de professores para lidar com a intolerância religiosa que se expressa das mais variadas formas nos contextos educacionais.