RESUMO -A presença de uma quantidade considerável de itens com funcionamento diferencial (DIF) pode tornar um teste menos válido. Assim, este estudo investigou a existência de DIF no teste de inteligência . O teste é a versão abreviada do SON-R 2½-7, normatizado e validado em vários países da Europa. Os dados de 1.200 crianças da normatização brasileira foram utilizados para identificar a presença de DIF em relação à gênero e região, usando o método da TRI. Os resultados indicaram que, de um total de 60 itens, 5 itens apresentaram DIF entre os sexos e 13 itens apresentaram DIF entre as regiões. Conclui-se que há adequabilidade da maioria dos itens, o que viabiliza o uso do SON-R 2½-7[a] em contexto nacional.Palavras-chave: DIF, SON-R 2½-7[a], teste de inteligência.
Differential Item Functioning of the SON-R 2½-7[a] Non-Verbal Intelligence TestABSTRACT -The presence of a considerable amount of items with differential functioning can make a test less valid. Therefore, the existence of Differential Item Functioning (DIF) in the intelligence test SON-R 2½-7[a] was investigated. This is the abridged edition of the SON-R 2½-7 with normatization and validation studies realized in various European countries. The data of the Brazilian normatization sample of 1,200 children were used to verify the presence of DIF in relation to gender and region using the IRT method. Of a total of 60 items, 5 items were indicated as having DIF for gender and 13 items as having DIF between regions. It was concluded that the majority of the items were adequate, which makes the use of the test feasible in a national context. Em certa avaliação de inteligência de uma criança de 7 anos, residente na periferia de Brasília, a psicóloga pergunta: "O que você faria se encontrasse uma bolsa ou carteira de alguém em uma loja?". A criança responde: "procurava o telefone para ..., (pausa pensando), quer dizer eu pegava o dinheiro e as coisas para mim".
KeywordsO exemplo apresentado refere-se a um item do subteste Compreensão do teste WISC-III (Wechsler, 2002). A criança recebeu uma pontuação zero, pois se esperava uma resposta que mostrasse o intuito dela devolver o pertence ao dono (2 pontos) ou de procurar identificar o dono (1 ponto). Contudo, pode-se questionar o quanto o item realmente mensurou inteligência. A resposta pode não estar de acordo com os padrões desejáveis da sociedade, mas está de acordo com a realidade e educação recebida pela criança. Sua resposta é coerente, apresenta adequado raciocínio lógico e verbal. Por que então atribuir zero à resposta? Essa é uma das fortes críticas que têm sido feitas aos testes tradicionais de inteligência.De acordo com alguns autores (Weiss, 1982;Thorndike, Hagen & Sattler, 1986;Tellegen & Laros, 2004), os testes de inteligência geral, como o Stanford-Binet e os testes de inteligência Wechsler, focam mais na inteligência adquirida ao longo de um processo formal de aprendizagem, denominada inteligência cristalizada. Com isso, grupos sociais que não tiveram acesso às mesmas condições de aprendizagem pode...