A crescente utilização da Internet e de redes sociais por crianças e jovens tem vindo a criar condições para o desenvolvimento de novas modalidades de grooming sexual, um processo facilitador da perpetração de crimes sexuais, na medida em que permite um acesso facilitado a um elevado número de potenciais vítimas, aumenta as oportunidades para o estabelecimento de contactos, quer online quer diretos, e facilita a identificação de vulnerabilidades nos menores. Este é um fenómeno em expansão, tornando-se urgente conhecê-lo, de forma a desenvolver estratégias eficazes de promoção da segurança das crianças e jovens na Internet e evitar danos decorrentes desta forma de abuso. O presente estudo recorreu a uma metodologia qualitativa, utilizando como métodos de recolha de dados a entrevista semiestruturada e a análise documental, submetidos a uma análise de conteúdo, com construção de uma grelha de análise categorial do tipo semântico. A amostra englobou 4 ofensores do sexo masculino, 2 entrevistados face-a-face e 2 envolvidos em diálogos sexualizados mantidos online com menores de idade, e 1 vítima do sexo feminino, também entrevistada. Os resultados permitiram distinguir duas abordagens distintas dos menores-uma muito direta, com a introdução quase imediata de temáticas sexuais, e outra em que o sujeito adota um conjunto de estratégias que têm por base a criação e manutenção de um vínculo relacional, de acordo com os mecanismos considerados centrais no grooming. Enquanto na interação mais direta o ofensor parece aproveitar-se da curiosidade sexual típica do período de desenvolvimento, na segunda abordagem o sujeito recorre ao vínculo relacional para conseguir o envolvimento dos menores e evitar a revelação dos abusos. Apesar de o grooming surgir na literatura como um componente central das