Ver artigo relacionado na página 341 O Wallstent, um stent auto-expansível (AE), foi a primeira prótese intracoronária utilizada na tentativa de reduzir a oclusão aguda e a reestenose 1 . Logo se observou, porém, que o comprimento e o diâmetro das próteses tinham correlação direta com o porcentual de reestenose, e que a liberação precisa era um importante fator nos índices de reestenose 2 . O Wallstent teve então a difícil tarefa de competir com as próteses expansíveis por balão (stents balão-expansíveis -BE), que, pelo mais fácil manuseio, pela maior precisão de liberação e pelas taxas semelhantes ou melhores de reestenose, logo se impuseram como preferência do cardiologista intervencionista e transformaram, de forma definitiva, a revascularização coronária 3 . A primeira experiência com os stents BE foi realizada no Brasil, sob direção do prof. J. Eduardo Sousa, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia -o mesmo grupo que hoje apresenta os dados de uma nova prótese AE para tratamento de vasos de fino calibre.Apesar da relativa curta sobrevida no leito coronário, as próteses AE gozam de grande sucesso em outros leitos vasculares. Talvez esse sucesso tenha sido a razão para a insistência do uso de stent AE no âmbito da Cardiologia Intervencionista. Nova tentativa de uso desses stents aconteceu com os estudos Symbiots, que utilizou stents revestidos com politetrafluoretileno (PTFE) para o tratamento de pontes de safena 4 . Esse parecia ser o caminho natural, pois tratava-se de vasos de maior calibre e lesões mais longas, condição que de certa forma mimetiza a intervenção em leitos vasculares periféricos. No entanto, mesmo nessas condições teoricamente ideais para a utilização de stent AE, essas próteses cursaram com maiores taxas de reestenose, quando comparadas aos stents BE, mas o fator desapontador preponderante foi o fato de não prevenirem fenômenos embólicos 5 . Parecia então que o assunto stent AE para o cardiologista intervencionista focado no tratamento coronário havia chegado ao fim, ficando sua utilização restrita a situações raras, casos esparsos de tratamento de aneurismas ou na cardiopatia congênita.De maneira muito inovadora, o tema stent AE ressurge no artigo apresentado por Chamié et al.6 em uma subpopulação de portadores de doença coronária quase que antagônica aos trabalhos anteriores, no difícil cenário da intervenção em vasos de pequeno calibre com lesões curtas. A intervenção em vasos pequenos é desafiadora por inúmeras razões, já que as atuais próteses não foram desenhadas, mas adaptadas, para lidar com tais situações anatômicas. As limitações associadas ao desenho das atuais próteses influenciam tanto os resultados primários como tardios. No que diz respeito ao resultado primário, pode-se ressaltar a dificuldade de navegabilidade em leitos coronários distais e a falta de flexibilidade para se adaptar à natureza tortuosa dos vasos de fino calibre. Após vencido o problema de navegabilidade, o cardiologista intervencionista ainda tem que lidar com as dissecções de bordas, mais freqüentes nes...