Introdução: O rastreamento mamográfico, mesmo combalido devido aos seus potenciais riscos, é uma das estratégias de detecção precoce recomendada por autoridades sanitárias no mundo. No Brasil, tal ação está prevista para ocorrer de maneira sistematizada pela rede oncológica, coordenada pela Atenção Primária à Saúde (APS), visando a produção do cuidado seguro e integrado. Entretanto, a mamografia é ofertada à população sem uma indicação cuidadosa e sem garantia das etapas sequenciais da linha de cuidados. Considerando que existem complexidades na atenção ao câncer e nas subjetividades incorporadas nas práticas, essa investigação buscou analisar elementos relacionados ao rastreamento que podem ser indutores (ou não) da produção do cuidado. Objetivos: analisar barreiras e facilitadores intervenientes à implementação do rastreamento mamográfico no sistema público de saúde brasileiro; analisar estratégias de cuidado para o rastreio do câncer de mama na APS no Brasil. Métodos: Trata-se de uma revisão em duas etapas. Primeiro, para a análise dos determinantes, realizou-se uma revisão de escopo baseada na proposta de Arksey e O'Malley, com resultados examinados segundo domínios do Quadro Conceitual Consolidado para Pesquisa de Implementação (CFIR): cenário interno e externo, características individuais, processo e características da intervenção. O CFIR incorpora referenciais teóricos da ciência da implementação. Esse campo de conhecimento apresenta caminhos promissores para a avaliação de sistemas complexos, por compor um conjunto de métodos científicos robustos e teorias que analisam fatores do contexto real em diversos níveis. Segundo, para identificar estratégias efetivas de cuidado, propomos uma revisão sistemática, guiada pelas recomendações da Colaboração Cochrane. Resultados: De 40 artigos incluídos na primeira etapa, identificou-se 75 menções referentes a barreiras e 33 a facilitadores. Os aspectos-chave da implementação do rastreamento no sistema público de saúde brasileiro relacionam-se no cenário externo com os determinantes socioeconômicos da população, características do sistema de saúde, tensões entre sistema público-privado e contradições entre leis e políticas. No cenário interno foram ressaltados gestão, estrutura e recursos dos serviços de atenção primária e especializada, assim como, engajamento e conhecimentos dos profissionais. Com relação às características individuais das mulheres, destacam-se: comunicação, conhecimento, hábitos e crenças.Planejamento, informações integradas, recomendações de especialistas e programa de navegação de paciente foram componentes relevantes para o processo de implementação. Por fim, a intervenção sofre influências do financiamento e da qualidade do serviço prestado. De cinco artigos que compuseram a amostra na segunda etapa, destacou-se com o melhor desempenho, a navegação de paciente conduzida por agentes comunitários de saúde, alcançando 88% de cobertura da mamografia de rastreamento. Conclusões: A análise em multiníveis do CFIR possibilitou a compreensão de múltiplo...