Este estudo relata uma pesquisa realizada junto aos professores de uma escola inserida em uma unidade de internação, sob a tutela da justiça para adolescentes em conflito com a lei. Utilizou-se a metodologia de pesquisa qualitativa proposta em Psicodinâmica do Trabalho. Coloca-se em discussão o sentido do trabalho em uma instituição com um caráter ao mesmo tempo carcerário e socioeducativo. A escuta no espaço coletivo de fala para esses professores revelou a parte sombria deste trabalho, mas, ao mesmo tempo, uma dimensão de reinvenção com o enlace dos vínculos com a cultura. O lado sombrio se relacionou às narrativas de violência, precariedade social e desesperança dos adolescentes, bem como, pelo descaso das políticas públicas para este segmento da população. Por outro lado, a reinvenção nesse trabalho se revelou na tentativa de inscrição desses adolescentes em laços civilizatórios, por meio do investimento em elementos da cultura. Esse espaço coletivo apontou que o sentido desse trabalho na socioeducação é sustentado por ambições educativas e inclusivas, que convoca a uma ética de atenção ao outro revestida de valor civilizatório, por sua vez, tão destruída na experiência de enclausuramento.