IntroduçãoAs queixas vulvovaginais na infância e adolescência são um motivo de constantes visitas ao médico, pediatra e/ou ginecologista, que, quase sempre despreparados para orientar estes casos, muitas vezes tomam condutas intempestivas prescrevendo medicamentos, freqüentemente antibióticos de largo espectro, sem necessidade.Além da falta de preparo no atendimento destes casos, não há ainda um entendimento claro do complexo meio ambiente vaginal e de sua homeostase e das interrelações com os mecanismos de defesa do hospedeiro, que são distintos em meninas pré-púberes e naquelas que já menstruaram 1,2 . A flora vaginal normal é predominantemente aeróbica, sendo que os lactobacilos produtores de peróxido de hidrogênio são as bactérias mais comumente observadas. Em mulheres no menacme o pH vaginal normal é menor que 4,5 devido à produção de ácido lático. Ao serem estimuladas pelo estrogênio, as células epiteliais vaginais, ricas em glicogênio, decompõe-no em monossacarídeos, que são convertidos em ácido lático pelos lactobacilos 3,4 . Em meninas pré-púberes a presença de vagina atrófica não-estrogenizada, com pH de 6,5 a 7,5, a ausência de coxins adiposos vulvares e de pelos pubianos, a curta distância entre a vagina e o ânus, a pequena abertura do hímen obstruindo a saída de secreções vaginais e a diminuição dos mecanismos imunes locais são fatores predispo-