TRATAMENTO CIRÚRGICO E RESULTADOS EM 96 PACIENTES OPERADOS
J. FRANCISCO SALOMÃO -RENÊ D. LEIBINGER -JOSÉ CARLOS LYNCHRESUMO -Os autores apresentam os resultados cirúrgicos de 96 casos de hematoma subdural crônico operados por meio de orifícios de trépano ou pequenas trefinas: 78 pacientes (81,3%) foram considerados curados, 6 (6,2%) apresentaram seqüelas e 12 (12,5%) faleceram. Os óbitos de natureza neurocirúrgica foram relacionados à intensidade do comprometimento neurológico por ocasião da cirurgia. A idade avançada associada à presença de doenças sistêmicas também teve influência na mortalidade. Seqüelas neurológicas foram observadas principalmente em pacientes submetidos a reoperações por reacúmulo do hematoma e em portadores de lesões bilaterais. Os autores chamam a atenção para a ocorrência de hipotensão intracraniana associada a colapso cerebral. A importância do diagnóstico precoce e cirurgia imediata são enfatizadas.
Chronic subdural hematoma: surgical treatment and results in 96 operated patients.SUMMARY -Ninety-six patients with chronic subdural hematoma were treated surgically and their clinical features presented in detail. Carotid angiography gave the correct diagnosis in all patients. CT scan was performed in 38 and was diagnostic in 92.1% of the cases. The clots were removed through burr-holes or small trephines: 78 (81.3%) patients were cured, 6 (6.2%) had permanent disabilities and 12 (12.5%) died. Operative mortality was related to the degree of neurological impairment, advanced age and systemic diseases. Neurologic sequelae were mostly related to reoperations due to recurrence of the hematoma and bilateral clots, as well. Low intracranial pressure syndrome with brain colapse was seen in 3 cases and treated with lumbar injection of saline solution. The delay in diagnosis and operation as cause of bad outcome is stressed.Embora os hematomas subdurals crônicos sejam universalmente considerados uma das patologias intracranianas de evolução mais favorável, os resultados de seu tratamento cirúrgico nem sempre refletem esta benignidade 13. Esta constatação pode ser ilustrada analisando-se o resultado de diferentes séries com mortalidade amplamente variável 5,15,16,22,24,28,29.Estes dados se explicam basicamente em função do quadro clínico muitas vezes inespecífico, à ausência de relato ou banalidade dos antecedentes traumáticos e à falta de atenção para o diagnóstico da doença, freqüente-mente rotulada como acidente cerebrovascular ou demência aterosclerótica 21 .A escassez de relatos sobre o assunto na literatura nacional justifica o presente estudo.