O período gestacional está associado a uma série de alterações fisiológicas e anatômicas, tais como mudanças no sistema hematológico, respiratório e cardiovascular. Além das alterações funcionais, a anemia por deficiência de ferro (anemia ferropriva) destaca-se como uma das complicações mais comuns de uma gravidez e dependendo da gravidade, pode acarretar prejuízo para mãe e/ou feto. A administração de ferro para as gestantes, com ou sem diagnóstico prévio de anemia, é uma prática comum na área de obstetrícia. Embora não existam evidências concretas a respeito dos beneficios da suplementa- ção profilática de ferro para as gestantes, esta conduta apresenta-se como um procedimento adequado, visto que reduz a prevalência de anemia ferropriva na gestante e após o parto. Entretanto, há uma série de relatos na literatura que descrevem os aspectos deletérios da reposição indiscriminada de ferro durante a gestação. Neste contexto, pretende-se com essa revisão da literatura apresentar os principais aspectos das alterações hematológicas decorrentes da gravidez, em especial a anemia por deficiência de ferro, mostrar as ventagens e desvantagens da suplementação com ferro, bem como orientar o obstetra em realizar um diagnóstico mais preciso de anemia ferropriva durante a gestação e propor uma alternativa coerente de reposição de ferro para as gestantes, minimizando os riscos indesejáveis do excesso ou deficiência dessa suplementação.