ResumoObjetivo: Estimar a sobrevida de pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) notificados e acompanhados no Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) no período de 1986 a 2006. Metodologia: Utilizou-se o modelo de riscos proporcionais de Cox estendido, considerando a data de diagnóstico como variável tempo-dependente, dividindo a análise em dois períodos: <1996 e ≥1996 (após a introdução de antirretrovirais no HFSE). Resultados: Dos 1.300 casos analisados, 62% eram homens. As seguintes variáveis apresentaram razões de risco (HR) significativas: critério de notificação baseado na quantificação sérica de CD4<350 (HR=0,187); grupo diagnosticado a partir de 1996 (HR=0,355); faixa etária >50 anos (HR=1,386); disfunção do sistema nervoso central (HR=1,570); caquexia (HR=1,526); sarcoma de Kaposi (HR=1,376); candidíase (HR=1,295). A taxa de sobrevida geral em 5 anos foi 35,7% e, em 10 anos, 6,3%. Para os casos notificados através do critério CD4, a sobrevida em 5 e 10 anos foi 89,6%. Conclusão: Este trabalho agrega evidência ao aumento de sobrevida dos pacientes de SIDA, e aponta o critério CD4 e o grupo tratado a partir de 1996 como as variáveis com maior associação a esse aumento.Palavras-chave: síndrome de imunodeficiência adquirida; análise de sobrevida; serviços de vigilância epidemiológica; vigilância epidemiológica.
AbstractObjective: To estimate the survival of AIDS patients reported in HFSE from 1986 to 2006. Methods: We used the extended proportional hazards model of Cox considering the diagnosis date as a time-dependent variable, which divided the analysis in two periods: <1996 and ≥1996 (after the introduction of antiretrovirals in HFSE). Results: Among the 1.300 cases analyzed, 62% were males. The following variables showed significant hazard ratios (HR): criteria for notification based on the quantification of serum CD4<350 (HR=0.187); group diagnosed after 1996 (HR=0.
INTRODUÇÃONo momento em que se reflete sobre os 30 anos de evolução da epidemia de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) no mundo, e um cenário para a cura da doença já não parece um alvo inatingível, a evolução da epidemia aponta para uma infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) com o padrão de uma doença crônica. O esquema de tratamento com pelo menos três fármacos (HAART -highly active antiretroviral therapy) permitiu uma sobrevida aumentada de doentes com SIDA em todo o mundo, incluindo o Brasil [1][2][3][4][5][6] . Por outro lado, devido a essa resposta terapêutica tão favorável da terapia antirretroviral (TARV), e enquanto diversos testes para novas vacinas ainda estão em andamento, as intervenções terapêuticas, incluindo HAART, têm sido preconizadas como possíveis intervenções preventivas, tanto em gestantes infectadas pelo HIV como em outros grupos de infectados 6 , com impactos significativos também na ampliação do tempo de incubação da doença 7 . De fato, a introdução do esquema HAART teve um impacto considerável no manejo da evolução da doença, tanto em relação ao aumento da sobrev...