A ausência e/ou substituição de palavras e morfemas considerados puramente gramaticais é o sinal que, tradicionalmente, define a chamada “fala telegráfica”. A instabilidade com os recursos gramaticais pode ser compreendida, a depender da teoria, como consequência direta de déficits específicos em cada um dos níveis linguísticos. O principal objetivo deste trabalho é desenvolver uma reflexão sobre o funcionamento gramatical destacando, sobretudo, o imbricamento dos níveis linguísticos e, por fim, ressaltar a necessidade de se considerar esse imbricamento na compreensão dos fenômenos linguístico-cognitivos, principalmente aqueles relacionados à produção de sujeitos afásicos considerados não-fluentes. A reflexão fundamenta-se na Neuropsicologia sócio-histórico-cultural, nos pressupostos teórico-metodológicos da Neurolinguística enunciativo-discursiva e na Gramática Funcional do Discurso.