RESUMO: O objetivo deste trabalho é contrastar o uso de metáforas pelos dois candidatos no segundo turno das eleições presidenciais de 2006, Luís Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, para saber até que ponto Lula, que foi vitorioso nas urnas, usou metáforas de modo mais eficaz do que o outro candidato durante os debates televisados. Foi colhido um corpus de transcrições desses debates, que foi então analisado em termos da presença de metáforas lingüísticas e conceptuais. O uso de metáforas dos dois candidatos foi contrastado e a análise revelou que houve poucas diferenças entre os candidatos. Ambos usaram quantidades parecidas delas. A principal diferença entre eles foi em relação à ênfase. Alckmin pulverizou suas metáforas: colocou em cena um número maior delas, mas com poucas ocorrências de cada. Lula foi mais seletivo e o neutralizou, conseguindo concentrar seu discurso em metáforas mais afinadas com seus propósitos. PALAVRAS-CHAVE: metáfora, Lingüística de Corpus, debates televisados ABSTRACT: The aim of this study is to contrast the use of metaphors by the two presidential contenders in the runoff of the Brazilian presidential race of 2006, Luís Inácio Lula da Silva and Geraldo Alckmin, in order to establish if Lula, who was victorious, actually used metaphors in a more effective way than his opponent on the television debates. Metaphor use by both candidates was compared, and the analysis revealed that there were few differences between the two candidates. Both used similar quantities of them. The main difference was stress. Alckmin scattered his metaphors, by putting in place a greater number of them, with few occurrences of each. Lula, on the other hand, was more selective and neutralized his opponent, thus being able to stress metaphors that were better suited to his needs. KEY-WORDS: metaphor, Corpus Linguistics, Brazilian presidential debates 1 Agradeço o apoio das seguintes agências: CNPq, processos 350455/2003-1, 307307/2006-9, 450239/2006-3; Capes, processo 0397/04-0; FAPESP, processo 06/ 00109-9. Sou também grato pelos comentários dos pareceristas anônimos e pela leitura cuidadosa de Estela de Jesus Martins e de Cecília Lopes de uma versão anterior deste trabalho.