ResumoCom o avanço da tecnologia da informação e da comunicação e as mudanças da sociedade, novas formas de flexibilização das relações de trabalho têm se disseminado, entre as quais o teletrabalho. Uma das modalidades de teletrabalho é aquela em que o indivíduo executa as tarefas de casa, mantendo, porém, o vínculo de emprego formal com uma organização. Este artigo focaliza, em especial, essa modalidade, levantando as percepções dos indivíduos que nela atuam sobre as consequências para a sua vida pessoal e profissional. Trata-se de estudo de caso na Shell Brasil, empresa que, desde 2000, promoveu a migração de alguns funcionários para o regime home-office. A metodologia de natureza qualitativa compreendeu entrevistas com profissionais desse grupo. Os resultados permitiram identificar um quadro conceitual que aponta elementos condicionantes e elementos que os indivíduos parecem utilizar como balizadores de suas avaliações sobre a condição de teletrabalhadores home-office. Entre os condicionantes, destacamse características da pessoa, da organização, dos recursos e procedimentos disponibilizados, do trabalho, da família, do espaço doméstico e da sociedade. Como elementos balizadores surgem: o desempenho na empresa e os efeitos para a carreira, a relação com o trabalho, a vida pessoal e as relações sociais e em família.Palavras-chave: teletrabalho; home-office; relações de trabalho; tempo e espaço; gestão de RH.
AbstractWith the advance of the information and communication technology and the recent changes in society, new forms of work relations have become popular, including telework. An example of telework arrangement is that in which the individual performs tasks from home, maintaining, however, a formal employment with an organization. This article focuses on such modality, aiming to identify individuals' perceptions about the consequences of telework for their personal and professional lives. The article presents a qualitative case study conducted at Shell Brazil, a company that has transferred some employees to the home-office scheme since the year of 2000. The methodology is comprised of interviews with individuals in that group. Results helped to identify a conceptual framework pointing to constraint and reference aspects that they use to evaluate their situation as home-office employees. Among the constraints, some aspects concern to: the individual, the organization, the resources available, the work tasks, the family, the home space and the characteristics of society. As reference elements, we can observe: the impacts on performance and the effects on career; the individual's relation with work; the quality of personal life and the relations in family and in society.