Este artigo busca analisar as representações identitárias dos Lágidas e do Oriente forjadas por Plutarco em Vidas Paralelas. Ao falar de um lugar ideologicamente marcado, sob o ponto de vista de um cidadão de uma polis grega (Queroneia) que viveu sob o domínio romano, Plutarco reconfigura fatos, dados, enfim, a própria história, com uma escrita de cunho biográfico, documental e histórico e, ao mesmo tempo, estrategicamente, dramático, teatral, emocionado e moralizante. Busca-se mostrar que Plutarco, ao forjar a representação da dinastia Ptolomaica, o faz sob uma perspectiva imperialista e orientalista, coadunando com a ideologia romana. As principais categorias analíticas utilizadas na consecução deste texto são imperialismo, orientalismo e representação/identidade. A metodologia utilizada na análise baseia-se na forma tradicional do trabalho do historiador, qual seja, a das críticas internas e externas das fontes, aliada à análise de conteúdo. Vemos que Plutarco, a partir de dicotomias opositivas estereotipadas sustentadas por preceitos helênicos, subjuga os Lágidas e o Oriente, em prol de uma suposta superioridade baseada em uma hierarquização cultural e moral, em sintonia com a propaganda romana.