“…Se as "tecnologias de governo" encontram-se imbricadas em políticas de governança, passou-se a examiná-las, como lembra , como parte das estratégias dos Estados para ditar comportamentos, moralidades e estilos nacionais de cidadania, revelando novas formas de controle e de gestão de populações, territórios, migrações e fronteiras. Inspiradas nessa perspectiva, e focalizando os dispositivos e as formas de governo das migrações e do refúgio no Brasil, Jardim (2012;), Facundo Navia (2016, Perin (2013) e Vieira (2017) analisam as rotinas burocráticas de instituições e agentes dedicados à questão migratória, as práticas de categorização e definição do estatuto jurídico de pessoas em deslocamento e os efeitos da multiplicidade de temporalidades, saberes e lógicas administrativas nas vidas migrantes (Vianna;Facundo, 2015). Desse modo, as autoras demonstram não só como o Estado se faz no cotidiano (Das e Poole, 2004;Souza Lima, 1995), mas também como a "razão humanitária" (Fassin, 2003; vem permeando as políticas migratórias no país.…”