Objetivo: Identificar “sinais e sintomas” dos capítulos da ICPC-2 inapropriadamente classificados como ativos e crónicos, verificando a sua proporção e principais capítulos. Métodos: Estudo observacional e transversal, quasi-aleatório, com características exploratórias, pela colheita de dados das consultas de todas as terças, quartas e sextas-feiras do mês de agosto de 2021, nas consultas de dois ficheiros clínicos. Fez-se a análise descritiva da lista de problemas ativos dos utentes e registo das classificações consideradas inapropriadas. Resultados: Foram avaliados os dados de 123 doentes, 52,8% do sexo feminino e com idade média de 53,3±22,4 anos. Verificámos que 45,5% dos doentes apresentavam classificações erradamente crónicas, sendo 8,2% classificações erradas. Os capítulos músculo-esquelético (16,3%), psicológico (7,3%) e os capítulos genital feminino, circulatório e geral e inespecífico (todos com 5,7%) foram os mais frequentes. Em função do género e idade, não se verificou diferença significativa, mas quanto maior era o número de classificações totais, maior era o número de classificações erradamente colocadas. Discussão: Os resultados podem significar um impacto negativo no acompanhamento do doente, na comunicação entre médicos, no aumento do tempo despendido nas consultas, por não atualização da lista de problemas, e na diminuição da credibilidade dos registos para investigação. A elevada prevalência dos sintomas músculo-esqueléticos pode levar à manutenção destes problemas como crónicos. A pandemia COVID-19 pode ser associada a um maior número de sinais e sintomas transitórios, mas classificados como ativos. Um grande número de problemas ativos pode afetar a capacidade de classificar. Conclusão: A atualização, periódica, da lista de problemas, o investimento na formação dos médicos de família na ICPC-2 e a avaliação frequente das classificações parecem atividades a desenvolver. São necessários mais estudos de validação da informação classificada nos sistemas de registo eletrónico.