O Brasil acompanha as curvas da transição demográfica com aumento significativo da expectativa de vida, relacionado também ao avanço tecnológico no setor da saúde. Porém, o cuidado odontológico historicamente ofertado pelo Sistema Único de Saúde não tem atendido às demandas da população idosa. Este artigo tem como objetivo conhecer a percepção de saúde bucal de pessoas idosas usuárias de uma Unidade Básica de Saúde, a fim de discutir suas necessidades e demandas de saúde bucal, na perspectiva da ampliação da clínica. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem narrativa. As narrativas foram construídas a partir de entrevistas semiestruturadas e de registros no diário de pesquisa, em diálogo com o referencial teórico-metodológico da abordagem narrativa e da bucalidade. Na análise do material foram elaboradas duas categorias: a naturalização da perda dentária e as necessidades e demandas de atenção odontológica para as pessoas idosas no território. Das histórias narradas, emerge um contexto de exclusão, constrangimento, tensão e dor. Pode-se perceber que, mesmo com alguns avanços nas políticas de saúde, ainda faltam respostas na Atenção Básica às crescentes demandas da população que envelhece e apresenta problemas bucais persistentes.