Tendências e desigualdades na insegurança alimentar durante a pandemia de COVID-19: resultados de quatro inquéritos epidemiológicos seriados

Abstract

O objetivo foi analisar tendências e desigualdades na prevalência de insegurança alimentar na pandemia de COVID-19, de acordo com fatores sociodemográficos e com medidas de distanciamento social. Dados de quatro inquéritos epidemiológicos seriados sobre a COVID-19 desenvolvidos entre maio e junho de 2020, com adultos e idosos residentes na cidade de Bagé, Rio Grande do Sul, Brasil. Insegurança alimentar foi avaliada por meio da versão curta da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), com o período recordatório adaptado ao início das medidas de distanciamento social no município. As características sociodemográficas e a adoção de medidas de distanciamento social foram analisadas, e suas associações com a insegurança alimentar foram avaliadas utilizando-se o teste de qui-quadrado. A tendência temporal da insegurança alimentar de acordo com tais características foi avaliada usando-se regressão linear. As desigualdades na insegurança alimentar foram avaliadas utilizando-se o índice angular de desigualdade e o índice de concentração. Dos 1.550 indivíduos estudados, 29,4% (IC95%: 25,0; 34,4) apresentaram insegurança alimentar. A análise de desigualdade mostrou maior concentração da insegurança alimentar entre os mais jovens, os menos escolarizados e os que residiam em domicílios com cinco moradores ou mais. Ao longo dos quatro inquéritos, a prevalência de insegurança alimentar reduziu mais acentuadamente entre os mais jovens, naqueles que residiam em domicílios com até dois moradores e com dois ou mais trabalhadores. Evidenciou-se forte associação da insegurança alimentar com os aspectos sociodemográficos dos entrevistados, o que pode indicar o potencial impacto econômico da pandemia na situação alimentar dos domicílios.

Insegurança alimentar em tempos de Pandemia do Covid-19 no brasil: Revisão de literatura

“…O menor valor encontrado para IAN foi de 29,4% referente a um estudo feito após o início da pandemia, realizado com 1.550 adultos do município de Bagé no Rio Grande do Norte, o qual são dados coletados de um projeto intitulado "Inquérito Populacional da Covid-19 em Bagé: Prevalência, Impactos econômicos e na Saúde Mental da População" (Santos et al, 2021).…”

“…Além da renda insuficiente, a quantidade de pessoas que residem nos domicílios também é um fator que contribui para o risco de IAN das famílias. Santos et al (2021) em sua pesquisa demonstrou que 29,4% da população estudada estava em situação de IAN e o agravo dessa prevalência estava associado às moradias com constituição familiar de cinco moradores ou mais, os quais os residentes eram menores de 18 anos. Isso corrobora com outra pesquisa realizada no Rio Grande do Sul, cujo o níveis de IAN encontrados foi de 35,2%, o qual também apresenta o número de moradores igual ou superior a quatro como fator que influencia no aumento da probabilidade de uma família encontrar-se em situação de IAN (Dias et al, 2020).…”

“…Costa et al (2017) e Santos et al (2021), evidenciaram em seus estudos que a idade é um fator que está associado ao aumento de IAN. Foi demonstrado que no Rio Grande do Sul, no município de Bagé, o impasse estava presente principalmente na população adulta entre 20 e 59 anos e em domicílios com moradores menores de 18 anos (Santos et al, 2021).…”

“…Costa et al (2017) e Santos et al (2021), evidenciaram em seus estudos que a idade é um fator que está associado ao aumento de IAN. Foi demonstrado que no Rio Grande do Sul, no município de Bagé, o impasse estava presente principalmente na população adulta entre 20 e 59 anos e em domicílios com moradores menores de 18 anos (Santos et al, 2021). Guerra et al (2018), realizou uma pesquisa na Amazônia e observou que a alimentação inadequada de adolescentes que residiam nas moradias podem gerar comprometimentos à saúde futuramente.…”

“…Foi evidenciado que a IAN teve associação a famílias cujo responsável declarou a cor da pele como não branca (Dias et al, 2020;Santos et al, 2021). Marin-Leon et al (2011), em concordância com os artigos usados nesta revisão, também evidenciou que pessoas de pele preta e parda têm mais chances de estar em situação de IAN em relação a outras famílias.…”