Neste artigo propomos discutir as trajetórias e encruzilhadas de mulheres negras adeptas do catolicismo e do candomblé, a partir da análise subsidiada por epistemologias situadas no campo do Ativismo Negr@, tomando como referência o feminismo negro e decolonial e a teologia feminista católica, procurando captar as narrativas sobre corpo, sexualidade, etnia, raça e religiosidade, de onde emergem intersecções. Para fazermos esse diálogo, contamos com as trajetórias de duas mulheres negras sul baianas, residentes no município de Canavieiras, autodeclaradas negras, com idades de 53 e 62 anos, sendo uma católica e outra candomblecista, respectivamente. As “trajetórias em narrativas” das duas colaboradoras da pesquisa nos revelaram encruzilhadas de pontos de vista sobre corpo e sexualidade, em que a religiosidade norteava a mobilização de diferentes conceitos e representações sobre o gênero. Nesse sentido, o corpo aparece narrado de diferentes formas, sobretudo como ferramenta para o acesso e a manutenção das práticas religiosas, que através da legitimação de elementos sacralizados permitem a efetivação e veiculação de crenças e valores que atravessam o campo da moralidade, afetando, assim, as percepções sobre os desejos e as práticas sexuais de mulheres negras.