O número de aplicações de mobile dating tem vindo a aumentar, mas o Tinder goza de um reconhecimento por parte dos utilizadores e de uma visibilidade mediática e estudo científico que o distingue das demais. Porém, ainda não é claro como os diferentes agentes em jogo interagem, nem como as informações dos utilizadores são tratadas e combinadas através da ação dos algoritmos. Na procura de elucidar esses aspetos, este artigo explora como o design, arquitetura e affordances da plataforma estruturam as ações dos utilizadores e, consequentemente, moldam a utilização, questionando de seguida, como as informações e utilização geram determinados resultados através da ação do algoritmo. Para tal, recorreu-se a uma metodologia qualitativa, combinando duas técnicas de recolha de dados o que permitiu, por um lado, uma análise crítica através da identificação das diferentes possibilidades de funcionamento do Tinder e de como é imposto um fluxo de utilização e, por outro, através dos discursos dos utilizadores, compreender como estes interpretam as affordances da aplicação no decorrer da sua utilização.
Como principais resultados, verificou-se que parte dos utilizadores não pareciam estar conscientes da presença e ação do algoritmo. Indicaram também que as suas ações estavam condicionadas em diversos momentos da utilização, porém contornavam (alguns) (d)esses condicionantes encontrando novas formas de uso.