“…Essas exuberantes araras-vermelhas logo se afirmariam como a mais surpreendente de todas as "maravilhas" trazidas pela frota de Cabral, destacando-se a ponto de transformar a recém-descoberta "Terra de Santa Cruz" em "Terra dos Papagaios", expressão vinda à luz pela primeira vez na carta de Giovanni Matteo Camerini, "il Cretico", datada de 27 de 75 As fontes clássicas são unânimes em mencionar que os "psittacus" seriam originários da "Índia", embora Plínio faça referência a exemplares obtidos durante a expedição enviada por Nero à Etiópia (Toynbee, 1973;Pollard, 1977). Presentes em mosaicos e murais, os periquitos-de-coleira continuariam presentes em textos e imagens ao longo da Idade Média e Renascimento, inspirando desde poemas e bestiários até pinturas religiosas, pois acabariam sendo relacionados à Anuciação por sua capacidade de reproduzir a fala humana (Boehrer, 2004;Rowland, 1978;Verdi, 2007;Walker-Meikle, 2012;Werness, 2006;Yapp, 1982). 76 Desconhecido dos autores greco-romanos (Toynbee, 1973), o papagaio-do-congo acabaria por se tornar um animal de estimação bastante comum no tempo das grandes navegações, sendo levado para a Europa em bom número a partir da África ocidental (Ferronha et al, 1993;Lloyd, 1971).…”