O Brief Symptom Inventory 18 (BSI 18), originalmente desenvolvido por Derogatis em 2001, constitui um instrumento de rastreio do distress psicológico aplicável a populações comunitárias e clínicas. Os respondentes devem avaliar a intensidade (de 0 -Nada a 4 -Extremamente) com que, nos últimos sete dias, experienciaram dezoito manifestações de psicossintomatologia. Este trabalho pretendeu avaliar o comportamento psicométrico da versão portuguesa do BSI 18, procedendo ao estudo da sua estrutura fatorial, validade e fidelidade. A amostra incluiu dois grupos: comunitário, composto por 184 adultos da população geral; e clínico, composto por 141 adultos com diagnósticos psiquiátricos atualmente a receber acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico. Os participantes responderam a quatro questionários: BSI 18, Inventário Depressivo de Beck, Escala de Autoavaliação de Ansiedade de Zung e Brief COPE. Setenta e seis participantes voltaram a responder ao BSI 18 cerca de quatro semanas após a primeira avaliação. Através de análises fatoriais confirmatórias, foram testados diversos modelos apresentados na literatura. Foi adotado um modelo de primeira ordem de três dimensões: Somatização (manifestações dos sistemas regulados automaticamente, como o gastroin testinal e o cardiovascular), Depressão (sintomas nucleares das perturbações depressivas, como humor disfórico, anedonia, desesperança e ideação suicida) e Ansiedade (sintomas indicativos de estados de pânico, como nervosismo, tensão, agitação motora e apreensão). O BSI 18 apresentou bons níveis de validade (construto, convergente, discriminante e de critério com base na diferenciação de grupos) e de fidelidade (consistência interna e consistência temporal). Assim, constitui um instrumento passível de ser utilizado em contexto clínico e de investigação.
Palavras-chave: Brief Symptom Inventory 18, Características psicométricas, Distress psicológico.Em 2010 e a nível mundial, a perturbação depressiva major e as perturbações ansiosas estiveram entre as maiores causadoras de anos vividos com incapacidade: ocuparam, respetivamente, a segunda e a sétima posições entre todas as doenças, e a primeira e a segunda posições entre as doenças psiquiátricas (Vos et al., 2012). De acordo com estes autores, os anos vividos com incapacidade são um índice calculado com base na prevalência e no grau de perda de saúde associados às sequelas de uma dada doença, constituindo um dos parâmetros utilizados para estimar a carga de uma doença. Face ao acentuado impacto negativo destas perturbações psiquiátricas, frequentemente subdiagnosticadas (Derogatis, 2001;Sorsdahl et al., 2013;Vermani, Marcus, & Katzman, 2011), é fundamental identificar as pessoas que apresentam psicossintomatologia clinicamente significativa. Esta medida potencia a intervenção precoce, a qual se traduz na diminuição de custos e na melhoria da qualidade dos cuidados de saúde (Derogatis, 2001).
213A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Bárbara Nazaré,