Este artigo propõe um marco metodológico amplo para a formulação dos estudos feministas transnacionais da tradução, feito a partir de uma posição localizada e, portanto, necessariamente limitada. Para este fim, delimitamos nossa indagação na era dos feminismos transnacionais e, além disso, colocamos os feminismos transnacionais e os estudos feministas da tradução em relação. Após oferecer um estado da questão sobre a trajetória das perspectivas feministas de/sobre a tradução mais influentes em nosso contexto, para evidenciar seus princípios articuladores ao longo do tempo, valorizamos o espaço que existe nelas na atualidade para alojar novos debates em voga nos feminismos transnacionais. Especificamos o sentido da interseccionalidade, chave para explicar como distintos regimes de opressão interagem em um mundo marcado pela globalização e pelos valores neoliberais, destacando o papel (ético) fundamental da tradução para facilitar (ou obstruir) alianças transfronteiriças que desafiem as hegemonias imperantes. Reconhecemos assim, em nossa proposta dos estudos feministas da tradução, as colaborações de formulações feministas realizadas em espaços acadêmicos, centrando-nos principalmente nos latino-americanos, ibéricos e norte-americanos. Em seguida, analisamosos desafios e oportunidades propostas ao aplicar a perspectiva dos feminismos transnacionais aos estudos feministas da tradução e indicamos áreas de interesse comum já desenvolvidas. Nossa definição dos estudos feministas transnacionais da tradução se complementa com uma reflexão sobre possíveis intervenções que, a partir deste marco epistemológico, buscam influenciar, ter um impacto e transformar a prática e a pesquisa em matéria de tradução.