A literatura profissional admite que terapeutas adquirem competências clínicas essenciais através da atuação. Porém os caminhos pelos quais essa aprendizagem se dá foram pouco explorados. Este é o objetivo deste estudo. Entrevistamos 14 terapeutas comportamentais e cognitivo-comportamentais sobre suas experiências de aprendizagem com seus clientes. A análise dos dados foi pautada nos preceitos da Grounded Theory Analysis. Os resultados sugerem que terapeutas consideram sua atuação como uma oportunidade de aprender e que clientes direcionam seu desenvolvimento profissional. A aprendizagem com o cliente é bilateral, gradual e cumulativa. Envolve interações com o modelo teórico, com os desafios encontrados no caso, os paralelos com a vida do terapeuta, os seus estudos contínuos e com o que ocorre na supervisão. Concluímos que aprender com o cliente não ocorre por uma assimilação passiva de conhecimentos. Contribuições do terapeuta como sua adesão teórica, suas dificuldades com o caso e a similaridade que enxerga entre ele e o cliente influenciam na aprendizagem. Seu envolvimento em estudos e supervisões influencia como o terapeuta processa o que aprende do cliente. Tudo isso mostra o terapeuta como um participante ativo que traz suas características individuais e empenho para o processo de aprendizagem.