ResumoObjetivos: evidenciar características que diferenciam as convulsões neonatais de crises em outras faixas etárias, discutindo criticamente a literatura sobre este tema e a experiência profissional dos autores.Métodos: revisão da literatura atual e de artigos clássicos que contribuíram na compreensão de aspectos clínicos, neurofisiológi-cos e fisiopatológicos das convulsões neonatais.Resultados: os autores apresentam características clínicas e eletrencefalográficas das crises neonatais, discutem as propostas de classificação, o manejo e o prognóstico.Conclusão: as crises neonatais têm padrão clínico distinto, o que justifica a necessidade de uma classificação própria. A etiologia é predominantemente sintomática e multifatorial, o tratamento deve seguir uma rotina pré-estabelecida, e o prognóstico parece estar intimamente relacionado à etiologia.J Pediatr (Rio J) 2001; 77 (Supl.1): S115-S122: recém-nascido, convulsões, eletrencefalografia, prognóstico, epilepsia.
AbstractObjective: to characterize and differentiate neonatal seizures from those that occur at different ages, based on a critical assessment of the available literature and also on the authors' clinical experience.Sources: literature review, including up-to-date and classical studies that helped us to better understand clinical, neurophysiological and physiopathological aspects related to seizures in the newborn.Summary of the findings: the authors present clinical and electroencephalographic characteristics of neonatal seizures, discuss their classification, treatment and prognosis.Conclusions: neonatal seizures have a distinct clinical pattern, which justifies the necessity of an appropriate classification. The etiology is predominantly symptomatic and multifactorial; the treatment should follow a routine protocol, and the prognosis seems to be closely related to etiology.
Convulsões no período neonatal
Seizures in the neonatal period
Jaderson Costa da Costa 1 , Magda Lahorgue Nunes 2 , Renato Machado Fiori 3 IntroduçãoEntre as patologias neurológicas mais freqüentes do período neonatal encontram-se as crises convulsivas, cuja incidência varia entre 1,8-5/1.000 nascidos vivos 1-3 . Os recém-nascidos (RN) com desnutrição intra-uterina parecem ser mais afetados 1 . Em nossa experiência, aproximadamente 14% dos RN atendidos na UTI Neonatal do Hospital São Lucas da PUCRS apresentaram pelo menos um episódio clínico compatível com crise convulsiva 4 . No período neonatal as convulsões podem estar relacionadas a diversos fatores etiológicos, que causam lesão permanente ou transitória do sistema nervoso central (SNC). Estes insultos podem ocorrer intra-útero, ao nascimento ou no período pós-natal imediato. O prognóstico dos RN com crises convulsivas é muito variável. Em geral, metade dos casos evolui para óbito ou seqüelas graves, e a outra metade fica com seqüelas mínimas ou são normais. Esta dicotomia no prognóstico traz implicações diretas no manejo das crises neonatais, que difere totalmente das outras faixas etárias.
ClassificaçãoNa década de 70 fo...