Objetivou-se cartografar as produções cinematográficas brasileiras que apresentam em seu enredo fílmico personagens homossexuais, identificando-os, de modo a compreender como as em sexualidades não hegemônicas foram representadas no cinema brasileiro no período de 1923-2017. Sob perspectiva foucaultiana, utilizou-se da cartografia de documentos, identificando-se 208 produções que apresentam em seu enredo personagens homossexuais ou que representem as sexualidades não hegemônicas. Ao adentrar o domínio das sexualidades não hegemônicas emerge-se um cenário balizado por um construto social multifacetado, dissidente e fronteiriço que atua não somente como forma de legitimação, mas constitui-se enquanto resistência. Ressalta-se que, o perspectiva da biologia atua enquanto um agente naturalizador da desigualdade em uma divisão binária, socialmente construída com o intuito de ocultar mecanismos que operam em prol da manutenção do poder, apagando toda forma de contestação e consequentemente de mudança social. Com isso, as memórias subterrâneas insurgem em cenários específicos onde as representações de sujeitos abjetos são influenciadas por contextos sociais, políticos, econômicos e culturais para além das lutas nas quais os grupos marginalizados auferem espaço.