Considerando estudos que investigaram correlações positivas entre alta-produtividade acadêmica e problemas orgânicos e psicológicos, esta pesquisa, orientada pelos pressupostos teóricos da Análise do Comportamento, buscou caracterizar algumas contingências envolvidas na produção acadêmica universitária, priorizando os aspectos psicológicos/comportamentais (sentimentos, emoções, pensamentos) dessas relações. Participaram deste estudo, de cunho exploratório, três professores bolsistas produtividade em pesquisa do CNPq. Os resultados, obtidos por meio de uma entrevista semiestruturada, e discutidos segundo o método de interpretação analítico-comportamental, permitiram identificar contingências distintas que participaram da origem e da manutenção do comportamento de pesquisar. As condições que instalaram o comportamento de estudar eram predominantemente aversivas, marcadas pelo controle por regras e pelo sentimento de responsabilidade. Já o comportamento contemporâneo de pesquisar passou a ser controlado, de modo preponderante, pelas consequências naturais positivas dessa atividade, emergindo, nessas relações, sentimentos de prazer com respeito ao pesquisar. A despeito dessas condições, verificou-se também baixa autoestima e algumas consequências aversivas tardias em diferentes esferas da vida dos entrevistados, decorrentes de uma dedicação exclusiva à academia. Este estudo reitera a necessidade de se delinear caminhos alternativos a uma prática docente permeada por consequências aversivas imediatas ou em longo prazo, construindo condições mais libertárias no exercício da profissão.