“…Jean Froissart, o afamado cronista responsável pelo excerto acima, escreve décadas após o referido evento e parece delinear uma imagem do rei marcial que viria a ser partilhada e constantemente retomada pela escrita histórica inglesa no século XIV, um indício, portanto, ao qual devemos nos ater quando destacamos como os "homens de letras" de seu período concebiam os parâmetros esperados pela escrita de cunho histórico, assim como pelo público leitor almejado. 6 Entre tais relatos coetâneos, encontra-se um outro olhar sobre a morte de Edward I: aquele presente no códice BL Harley Ms. 2253, mais especificamente delimitado entre os fólios 73r-73v 7 sob guarda do British Museum, ali denominado Alle that beoth of huerte trewe, cuja edição do século XIX é intitulada de "Elegia sobre a morte de Edward I" (Elegy on the death of Edward I) (Wright, 1838, p. 246-250), ou, simplesmente, "A morte de Edward I" (The death of Edward I) em sua versão mais moderna (Fein, 2014). Em sua brevidade, o texto 73r-73v, cuja métrica poética é estabelecida pelo formato A/B/A/B/B/C/B/C (De Wilde, 2007, p. 230), descreve o lamento do reino pelo falecimento de sua "cabeça", uma das analogias contemporâneas empregadas nas reflexões sobre o poder e a política, e o apontamento dos temas ali presentes é um dos rastros deixados no terreno da reflexão sobre o delineamento da figura régia que seu responsável jornadeou: o desejo do combate aos infiéis 8 , a busca da honra cavaleiresca e a continuidade da dinastia plantageneta 9 (Santos, 2015).…”