Este ensaio teve como objetivo identificar, comparar e discutir os princípios pedagógicos tradicionais e modelos contemporâneos de ensino dos jogos coletivos esportivizados (JCE). Os JCE podem ser representados como sistemas complexos e dinâmicos, nos quais as equipes são entendidas como um microssistema social. Tradicionalmente, o ensino dos JCE foi sustentado por uma visão de mundo racionalista, com propostas centradas no professor/treinador e pautadas em abordagens e princípios pedagógicos tecnicistas e comportamentalistas. Nessa perspectiva, a reprodução (receita) sobrepõe-se à criatividade (adaptação funcional). Com a mudança de paradigma de ensino dos JCE, surgiram abordagens e modelos centrados nos jogadores/alunos e pautadas no jogo. Neste ensaio, foram discutidas as fundamentações teóricas e as implicações práticas de quatro propostas: i) Ensino de Jogos para Compreensão (Teaching Games for Understanding - TGfU); ii) Modelo de Educação Esportiva (Sport Education - SE); iii) Pedagogia Não-Linear (PNL) e; iv) Pedagogia do Jogo (entendida enquanto abordagem e modelo). Por meio dos princípios pedagógicos do TGfU (seleção do tipo de jogo, modificação-representação, modificação-exagero, ajuste da complexidade tática), da PNL (representação, manipulação de restrições, acoplamento informação-movimento, aprendizagem exploratória, redução do controle consciente do movimento), do SE e/ou da Pedagogia do jogo (pedagogia da rua, ambiente de aprendizagem e ambiente de jogo, incluindo características de desafio, desequilíbrio, imprevisibilidade, representação), é possível que os jogadores/alunos aprendam jogando, podendo inclusive interferir e criar sua aula/treino. O professor/treinador, portanto, é um mediador ativo e passivo que gerencia e medeia as situações-problema e as trocas de conhecimento.