ResumoO artigo apresenta um balanço da história da Irmandade Muçulmana e sua relação com os sucessivos governos egípcios desde 1928, ano da criação da Irmandade por Hassan al-Banna. Uma abordagem histórica que vislumbre os caminhos políticos da Irmandade Muçulmana no decorrer das décadas mostra os processos que induziram mudanças significativas na agenda política da organização. Nas primeiras décadas de existência, a Irmandade Muçulmana era uma organização com vocação transnacional e engajada no combate ao colonialismo, ao imperialismo e ao regime egípcio, visto como corrupto e imoral. Para essas contendas, a organização desenvolveu uma ideologia militante e radical que encorajava ações drásticas, e até mesmo violentas. Contudo, desde o governo de Anwar Saddat, a Irmandade Muçulmana vem adotando uma postura diferente em relação à política, na medida em que ganhou legitimação social informal, ainda que não tenha recebido o reconhecimento legal. A partir desse momento, a Irmandade teve uma relação complexa com o regime egípcio, caracterizada por um ciclo de acomodação e coerção por parte do regime. Fatores políticos e sociais são fundamentais para a compreensão da mudança da agenda política da Irmandade Muçulmana,