“…É por este motivo que considerámos ser do foro eminentemente político, e não técnico-instrumental, toda e qualquer reflexão acerca dos processos de globalização e, desde logo, da sua relação com a emergência de novas formas de Estado (Poggi, 1990;Jessop, 2007) e, consequentemente, com a complexificação crescente das questões sociais, ambientais e de redistribuição (Montaño, 2012;Grant e Gibson, 2013 Assim sendo, e apesar das múltiplas faces da globalização (Torres, 2005), e das distintas interpretações que o conceito pode originar (Amin, 1997;Bartelson, 2000), interessa-nos mais atender ao momento histórico em que globalização e neoliberalismo se interlaçam de modo inequívoco e intencional, porque foi do Consenso de Washington que a globalização hegemónica emergiu como um "produto de decisões dos Estados nacionais [centrais]" (Sousa Santos, 2002, p. 56). Trata-se de concentrar a análise, e a reflexão sobre certos aspetos hodiernos da opressão de massas (Freire, 1987), na nova lógica de governação global que, a partir de então, viria a transformar visível, e aceleradamente, as características da geopolítica mundial, em desfavorecimento de uma larga e esmagadora maioria da população mundial.…”