ResumoNeste breve comentário, áreas particularmente promissoras de pesquisa básica e clínica que visam elucidar a etiologia e fisiopatologia dos transtornos afetivos são sumarizadas. Perspectivas para pesquisa e desenvolvimento futuro são brevemente discutidas, com ênfase particular em possibilidades para o desenvolvimento de novas intervenções terapêuticas para esses transtornos.
DescritoresTranstornos afetivos; depressão; etiologia; fisiopatologia; tratamento
AbstractImportant new areas of basic and clinical research that attempt to elucidate the etiology and pathophysiology of mood disorders are briefly summarized. Particular emphasis is given to research that may contribute to the development of new therapeutic interventions for these disorders. Perspectives for development in these areas are briefly discussed, and future directions are suggested.
KeywordsMood disorders; depression; etiology; pathophysiology; treatment
IntroduçãoTranstornos afetivos, unipolares e bipolares, são muito prevalentes na comunidade geral e na prática clínica, e causam sofrimento humano importante, assim como perda econômica substancial para a sociedade.1-4 Apesar de numerosas investigações ao longo das últimas décadas, a etiologia e fisiopatologia desses distúrbios ainda são, em sua maior parte, desconhecidas. Recentemente, atrelados a avanços consideráveis nas neurociências, um número cada vez maior de estudos básicos e clínicos tem se dedicado a tentar esclarecer a fisiopatologia desses distúrbios. Neste breve comentário, áreas de pesquisa particularmente promissoras em relação aos transtornos afetivos serão discutidas.
Perspectivas para esclarecimento da fisiopatologiaRelatos recentes sugerem alterações anatômicas discretas, assim como alterações funcionais e neuroquímicas no cérebro de pacientes com transtornos afetivos.5-11 Desenvolvimentos apreciáveis nas metodologias de tomografia computadorizada por emissão de fóton único (Spect), tomografia por emissão de pósitron (PET), e ressonância nuclear magnética (MRI), tanto funcional (fMRI), quanto por espectroscopia (MRS), tem ocorrido nos últimos anos. Já a anatomia, assim como processos fisiológicos e neuroquímicos do cérebro de pacientes vivos começam a ficar acessíveis ao estudo direto.12-14 Entre as alterações anatômicas identificadas, há relatos de anomalias em córtex pré-frontal, gânglios da base, cerebelo, e estruturas mediais do lobo temporal.5,9,* Alterações funcionais, refletidas em alterações de fluxo sangüíneo e metabolismo de glicose cerebrais, têm também sido encontradas em várias dessas mesmas regiões cerebrais. 6,7,15 Estudos preliminares in vivo de receptores cerebrais sugerem alterações nos sistemas serotonérgico e dopaminérgico.11,16,* Investigações com 31P e 1H MRS sugerem alterações em processos de membrana e metabolismo neuronais. 17,18 Em conclusão, essas novas áreas de pesquisa têm um potencial enorme para resultar na elucidação dos mecanismos cerebrais envolvidos nesses distúrbios. Tais mecanismos, se identificados, podem propiciar alvos específicos para...