As alterações no funcionamento cerebral que ocorrem no Transtorno do Espectro Autista são causadas por uma desordem no desenvolvimento neurológico, podendo acarretar atrasos ou déficits de comunicação, atraso na aquisição de habilidades motoras e também nas relações sociais. Associada às alterações corticais, a redução de experiências motoras prejudica a aquisição e a qualidade dos movimentos executados por crianças com Transtorno do Espectro Autista, podendo interferir em sua autonomia. O objetivo dessa pesquisa foi avaliar o perfil motor de crianças com Transtorno do Espectro Autista e comparar com a idade cronológica. Foram avaliadas crianças de dois a onze anos com diagnostico de Transtorno do Espectro Autista. A avaliação foi realizada por meio da Escala de Desenvolvimento Motor (EDM). Para análise das variáveis estudadas foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para normatização e o teste t-Student para a comparação entre as variáveis numéricas, idade motora geral (IMG) e idade cronológica (IC). Adotou-se, para o teste o nível de significância de 5% de probabilidade para a rejeição da hipótese de nulidade. Participaram da coleta 14 crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista, com idade média de 4,9 anos ± 1,6 anos. A média obtida de idade motora geral (IMG) foi de 35,7 meses e a média de idade cronológica (IC) foi de 66,7, sendo significativamente inferior à idade motora geral em comparação com a idade cronológica. Com relação aos domínios comtemplados pela EDM, não houve relevância estatisticamente significativa, porém, os domínios estão abaixo da média normativa estabelecida pela EDM (89-80), destacando a linguagem que se apresentou muito inferior, tendo média de 18,9. Os dados indicaram que as crianças avaliadas estão abaixo da média normativa do índice de desenvolvimento motor cronológico. Isso ocorre devido ao aumento no tempo de latência de resposta no Transtorno do Espectro Autista prejudicando seu sequenciamento motor e reduzindo as adaptações motoras necessárias. As perturbações motoras leves e moderadas podem passar despercebidas pelos profissionais que acompanham crianças com Transtorno do Espectro Autista, portanto, o tratamento é postergado e só ocorre em casos que as alterações se tornam graves e prejudicam o desempenho escolar e social da criança. Crianças diagnosticadas com o Transtorno Global do Desenvolvimento apresentam desempenho psicomotor inferior ao esperado para idade cronológica.